O presidente americano, Barack Obama, pressionado por membros da União Europeia, prometeu nesta segunda-feira que fornecerá a seus aliados todas as informações cobradas sobre as denúncias de que Washington havia espionado suas instituições.
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Washington continua a “avaliar” o conteúdo da reportagem do jornal britânico The Guardian, citando documentos fornecidos pelo ex-consultor da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA) Edward Snowden, e “quando tivermos uma resposta, vamos fornecer todas as informações que nossos aliados quiserem”, disse Obama em uma coletiva de imprensa na Tanzânia.
Descontentes com as revelações de escutas telefônicas e da vigilância de suas instituições pelos Estados Unidos, os europeus exigiram o fim imediato de qualquer programa de espionagem e ameaçaram bloquear as futuras negociações sobre uma zona de livre-comércio.
Sem fazer referência direta a essas negociações comerciais, que devem ser discutida ainda este mês, o presidente francês, François Hollande, considerou que negociações e transações com os Estados Unidos podem ocorrer apenas “quando forem obtidas garantias” do fim da espionagem contra a União Europeia (UE) e a França por parte de uma agência de inteligência americana.
A França “não pode aceitar esse tipo de comportamento”, que deve terminar “imediatamente”, reagiu o presidente francês, primeiro chefe de Estado a comentar com mais veemência as suspeitas de espionagem americana.
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– As provas reunidas são suficientes para exigirmos explicações – acrescentou.
O presidente social-democrata do Parlamento Europeu, Martin Schulz, declarou que, se esses fatos foram provados, será “um terrível golpe contra as relações entre a União Europeia e os Estados Unidos”.
– O Parlamento Europeu não deve ser tratado como inimigo – ressaltou.
– Se for confirmado que os americanos espionaram seus aliados, teremos consequências políticas. Isto supera de longe as necessidades da segurança nacional. É uma quebra de confiança – disse à AFP uma fonte europeia.
Na Alemanha, um porta-voz de Angela Merkel, Stefen Seibert, disse que os Estados Unidos deveriam “restaurar a confiança” em seus aliados europeus.
– Europa e Estados Unidos são sócios, amigos, aliados. A confiança tem que ser a base de nossa cooperação e deve ser restabelecida neste campo – disse Steffen Seibert.
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A Grécia e a Bélgica também exigiram “esclarecimentos” de Washington.
A revista alemã Der Spiegel, com base em documentos revelados por Edward Snowden, revelou no domingo que a NSA espiona há anos edifícios oficiais da UE nos Estados Unidos e em Bruxelas, além de cidadãos no mundo inteiro.
Segundo a revista, a Alemanha seria um dos principais alvos de espionagem.
De acordo com o jornal britânico The Guardian, França, Itália e Grécia também estão entre os 38 “alvos” monitorados pela agência americana.