O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pediu nesta sexta-feira uma revisão dos programas de vigilância do governo, admitindo crescentes preocupações com a privacidade dos cidadãos.

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Obama disse que pedirá ao Congresso que reveja a polêmica seção da “Patriot Act” que permite a coleta de registros telefônicos, com o objetivo de possibilitar maior transparência.

– Todos esses passos foram planejados para garantir que o povo americano possa confiar em que nossos esforços estejam alinhados com nossos interesses e valores – disse Obama, na entrevista coletiva.

– E, para os outros em todo o mundo, quero deixar claro, mais uma vez, que os Estados Unidos não estão interessados em espionar as pessoas comuns – completou.

O presidente disse que pedirá ao Congresso para reformar a Seção 215 da “Patriot Act” (Lei Patriótica, em tradução livre), aprovada após os ataques de 11 de Setembro. A legislação dá ao governo acesso aos registros telefônicos e outras comunicações dos cidadãos americanos.

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Ele também fez um apelo pelo início do debate nos tribunais que autorizam a vigilância. Agora, essas cortes atendem apenas aos pedidos do governo, sem ouvir contra-argumentos, como acontece em outras instâncias do Poder Judiciário americano.

Obama disse ainda que o governo pretende “desclassificar” documentos sobre a vigilância e que nomeará um corpo de especialistas independente para garantir o equilíbrio entre segurança e privacidade.

A polêmica sobre o tema aumentou nos Estados Unidos desde o vazamento sobre os programas de vigilância das comunicações eletrônicas da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) feito pelo ex-consultor de inteligência Edward Snowden.

Diferenças com a Rússia aumentaram no governo Putin

A retórica anti-Estados Unidos da Rússia aumentou desde o retorno de Vladimir Putin à Presidência, afirmou o presidente Barack Obama nesta sexta-feira, acrescentando que, apesar disso, não tem “relações ruins” com seu colega russo.

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O presidente comentou que as relações entre ambos os países melhoraram em algum nível durante a presidência de Dmitri Medvedev (2008-2012), mas que, quando Putin voltou para o Kremlin, “houve mais retórica anti-americana do lado russo, que entrava em alguns dos estereótipos da Guerra Fria entre Estados Unidos e Rússia”.

Esta semana, o presidente americano cancelou uma cúpula bilateral com Putin em Moscou, prevista para início de setembro, em represália ao “caso Snowden”. Ele descartou, porém, um boicote aos Jogos Olímpicos de Inverno de 2014, em Sochi, no sudoeste da Rússia, avaliando que seria um gesto “inadequado”.

Mesmo assim, Obama criticou a polêmica lei que proíbe “propaganda homossexual”.

– Ninguém está mais ofendido do que eu por algumas leis anti-gays e anti-lésbicas vistas na Rússia. Se a Rússia não tem atletas gays ou lésbicas, provavelmente, isso fará que sua equipe seja mais fraca – disse Obama.

Já o ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, que se reuniu nesta sexta com o secretário de Estado John Kerry, em Washington, garantiu que não há uma “Guerra Fria” entre seu país e os Estados Unidos.

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Ele descartou também que as relações bilaterais tenham se complicado pelo caso do ex-analista de Inteligência americano Edward Snowden, que recebeu asilo temporário do governo russo.

– Está claro que não devemos esperar uma Guerra Fria (…) Não devemos esperar um agravamento da situação”, avaliou Lavrov.

Da reunião bilateral desta sexta também participaram o secretário americano da Defesa, Chuck Hagel, e o ministro russo da Defesa, Serguei Choigu, em uma tentativa para aliviar as tensões, aparar arestas e buscar interesses comuns no plano internacional.

– O ambiente geral tem sido muito positivo, o que transmite otimismo – comentou Lavrov, após o encontro.

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