– Coloquem-se no lugar deles. Vejam o mundo com os olhos deles.

O apelo foi feito por Barack Obama, ontem, a uma plateia de estudantes israelenses em Jerusalém, após ser recebido pelas autoridades palestinas na Cisjordânia, em sua primeira viagem como presidente dos Estados Unidos à Terra Santa.

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Ainda diante dos jovens entusiasmados, Obama frisou:

– Não é justo que uma criança palestina não possa crescer em um Estado próprio, que viva com a presença de um exército estrangeiro que controla os movimentos dela e dos pais, todos os dias. Não é justo quando a violência dos colonos contra os palestinos fica sem punição. Não é certo proibir palestinos de plantar, restringir os movimentos de um estudante por Jerusalém Leste ou remover famílias palestinas de suas casas.

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Obama está desde quarta-feira sendo ciceroneado pelo primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, e pelo presidente Shimon Peres. Ontem, fez uma pausa para viajar até a Cisjordânia, onde se encontrou com o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmud Abbas. Obama é o líder mais importante a visitar os territórios palestinos desde a obtenção pela ANP do status de Estado observador na ONU no dia 29 de novembro, ao qual os EUA se opuseram com veemência.

No início da manhã, pouco antes da chegada do presidente americano, um grupo armado da Faixa de Gaza, controlada pelo movimento Hamas, disparou dois foguetes que caíram em Sderot, no sul de Israel, sem deixar feridos, segundo a polícia israelense.

Tanto Abbas quanto Netanyahu impõem condições para retomar as negociações. Abbas exige o congelamento dos assentamentos israelenses no território palestino, e Israel quer manter a política de expansão das colônias. Para Obama, “nem a ocupação nem a expulsão são a resposta”.

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Em Ramallah, ao lado do líder palestino, o americano criticou os assentamentos judaicos e disse que as colônias representavam um impasse na causa da paz. Mas também criticou a política de Abbas. Segundo Obama, a expansão das ocupações não deveria impedir as negociações. Posteriormente, em uma entrevista coletiva, Obama disse não estar em posição de pedir o congelamento da expansão dos assentamentos israelenses dentro de território palestino.

A viagem de Obama foi concebida para aumentar a influência americana na região no segundo mandato de Obama e aproximar Israel e Estados Unidos. Durante a campanha eleitoral americana, Netanyahu chegou a declarar preferência pelo candidato republicano, Mitt Romney.

Ontem, ao apelar para que os israelenses tenham em mente o que sentem os palestinos, Obama também deu um conselho direto a Netanyahu que acaba de formar uma nova coalizão de governo – desta vez, sem os partidos ultraortodoxos que se opõem à criação de um Estado palestino.

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– Israel deve reverter uma crescente onda de isolamento. (…) É impossível ter um Estado democrático judeu e, ao mesmo tempo, controlar toda a Terra de Israel. Se insistirmos em realizar o sonho em sua totalidade, perderemos tudo – falou Obama, parafraseando o ex-primeiro-ministro Ariel Sharon.