Numa entrevista de 48 minutos na qual utilizou seis vezes a expressão “comunidade internacional” a propósito do conflito na Síria, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, mostrou-se cauteloso sobre relatórios de inteligência que indicam possível uso de armas químicas do regime de Bashar al-Assad contra os rebeldes. O contato com os jornalistas ocorreu na Casa Branca.
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– Se, de alguma maneira, for possível estabelecer que não apenas os Estados Unidos, mas também a comunidade internacional, estão certos de que o regime de Assad está utilizando armas químicas, então haverá uma mudança de política – advertiu.
Referindo-se a uma conversa telefônica com o presidente russo Vladimir Putin, Obama destacou “a preocupação provocada pelas armas químicas sírias”. A Rússia é o principal aliado de Al-Assad e tem vetado sistematicamente qualquer condenação a Damasco no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Os dois presidentes continuam em estreito contato a respeito da guerra civil que já dura 25 meses.
Pelo menos 13 pessoas morreram e 70 ficaram feridas ontem em um atentado com carro-bomba no centro de Damasco, um dia depois do ataque frustrado contra o primeiro-ministro sírio Wael al-Halaqi.
O atentado desta terça-feira ocorreu no bairro comercial de Marjeh, no centro de Damasco, em um horário de muito movimento.
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“O covarde atentado terrorista executado contra o centro comercial e histórico de Damasco, no bairro de Marjeh, provocou, de acordo com um registro provisório, 13 mártires e mais de 70 feridos, alguns deles em estado crítico”, afirma um comunicado do Ministério do Interior. Os atentados são “uma resposta às vitórias das forças síria contra o terrorismo”, destacou o ministério.
O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), que conta com uma ampla rede de informantes, formada por ativistas, médicos e advogados, indicou um registro de 14 mortos – nove civis e cinco membros das forças de segurança -, em um atentado com carro-bomba perto da antiga sede do Ministério do Interior.
– O que fizemos de ruim? Eu seguia para o trabalho. Olhem os corpos. Esta é a liberdade que pedem? – perguntou um homem em uma entrevista exibida pelo canal estatal.
A televisão oficial exibiu as imagens de dois corpos na calçada e uma grande nuvem de fumaça no local da explosão, enquanto os bombeiros tentavam apagar o incêndio provocado pelo atentado. Ainda nesta terça foram registrados violentos combates entre o Exército sírio e os rebeldes em Salaheddine, bairro do leste de Damasco, segundo o OSDH. A aviação matou 15 insurgentes em um ataque nas imediações do aeroporto de Mennegh, ao norte de Aleppo, cercado há meses pelos rebeldes. As forças oficiais também bombardearam bairros na região de Damasco e as províncias de Homs (centro), Raqa (norte), Latakia (noroeste) e Idleb (noroeste).
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A utilização de mísseis terra-ar pelos rebeldes levou a Rússia a proibir que aviões comerciais sobrevoem a Síria.