O presidente Barack Obama defendeu nesta quinta-feira os direitos dos homossexuais africanos, no primeiro dia de seu giro pelo continente, e prestou homenagem ao legado de Nelson Mandela, o herói antiapartheid hospitalizado em estado grave.
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Obama também tentou acalmar a situação em torno de Edward Snowden, o ex-agente da inteligência americano acusado de espionagem pelos Estados Unidos.
– Minha opinião é que, independente da raça, religião, gênero e orientação sexual, no que diz respeito à lei, todos devem ser tratados como iguais – declarou Obama em Dacar, um dia após a decisão da Suprema Corte americana de invalidar uma lei federal que definia o casamento como uma união entre um homem e uma mulher, o que o presidente chamou de “discriminação”.
A decisão, uma conquista para os defensores do casamento gay, é também “uma vitória para a democracia americana”, comemorou Obama, em seu primeiro dia de visita ao Senegal.
Obama fez essas declarações em um continente onde a homossexualidade é ilegal em muitos países. A África do Sul é o único que considera o casamento gay legal.
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Em sua primeira coletiva de imprensa, ao lado do presidente senegalês Macky Sall, Obama também prestou homenagem ao ex-presidente sul-africano Nelson Mandela e defendeu a continuação de seu legado.
– Ele é um herói para o mundo, e quando deixar este mundo (…) todos nós sabemos que o seu legado irá perdurar – disse.
A agenda de Obama, que inclui passagens pela África do Sul e Tanzânia, poderá ser modificada se Mandela, primeiro presidente negro da África do Sul e hospitalizado em estado grave em Pretória, morrer.
O presidente, que se reuniu nesta quinta-feira com o presidente senegalês, deve prestar homenagem à democracia do Senegal, uma ex-colônia francesa que conquistou sua a independência em 1960 e que nunca sofreu um golpe de Estado.
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– O Senegal é uma das democracias mais estáveis da África e um dos parceiros mais fortes que temos na região – ressaltou Obama.
– O país tem conduzido reformas para fortalecer as instituições democráticas. Acredito que o Senegal pode ser um grande exemplo – assegurou, elogiando o progresso “impressionante” que todo o continente tem feito para melhorar a democracia e fortalecer os direitos dos seus cidadãos, especialmente em Gana e na Costa do Marfim.
O Senegal é uma exceção na África Ocidental, uma região assolada pela violência política e militar.
Por outro lado, Obama negou nesta quinta-feira que os Estados Unidos tenham a intenção de interceptar um voo para capturar o ex-agente da inteligência americano Edward Snowden, que vazou para a imprensa documentos sigilosos e se acha atualmente na Rússia.
– Não vou interceptar voos para capturar um hacker de 29 anos – afirmou Obama em Dacar, no início de seu giro africano, acrescentando que não discutiu a questão com os presidentes da Rússia e da China por considerar que se trata de um assunto exclusivamente judicial.
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O presidente americano chegou na quarta-feira em Dacar com sua esposa, Michelle, e suas duas filhas.
À noite, Obama e sua família irão visitar a Casa dos Escravos na Ilha de Goreia, em frente a Dacar, passagem obrigatória para todos os visitantes da cidade e, especialmente simbólico para o primeiro presidente negro dos Estados Unidos, porque foi deste local que milhares de africanos foram levado para a América durante séculos.
Depois da África do Sul, Obama visitará a Tanzânia, onde se reunirá com o chefe de Estado, Jakaya Kikwete, e conhecerá a central de energia elétrica de Ubungo, antes de voltar para Washington em 3 de julho.
Com este primeiro grande giro africano de Obama – que visitou uma única vez Gana em 2009 – a Casa Branca procura recuperar o tempo perdido.
Passada a euforia inicial, a decepção foi crescente no continente africano em relação às medidas tomadas pelo presidente Obama.
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Em 2009, em Gana, Obama declarou – corre em minhas veias o sangue da África, a história de minha família envolve tanto as tragédias quanto os triunfos da história da África.
Mas o presidente parece ter se desviado do continente para se concentrar em outros assuntos nacionais e internacionais.
No entanto, assessores do presidente estão cientes de que a oportunidade econômica e os recursos energéticos do continente africano começaram a atrair a atenção de adversários, começando com a China, que desde 2009 é o primeiro parceiro do continente.
O Quênia, terra natal do pai de Obama, não está incluído no giro: o presidente Uhuru Kenyatta é acusado pelo Tribunal Penal Internacional.
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