Quem são os inimigos dos Estados Unidos? A rede Al-Qaeda ou uma pulverização de pequenos grupos terroristas? Ou, quem sabe, indivíduos fanáticos que planejam atentados letais, porém de menor poder destrutivo que o 11 de Setembro, em 2001?
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Segundo o presidente dos EUA, após 12 anos, o país precisa rever suas táticas e a guerra contra a Al-Qaeda deve um dia terminar.
Ontem, em um histórico discurso na National Defense University, em Washington, Obama anunciou mudanças na caçada aos terroristas no Oriente Médio e prometeu reavivar os esforços moribundos para fechar a prisão militar na Baía de Guantánamo, em Cuba.
O pronunciamento foi uma resposta aos republicanos que o acusam de minimizar a ameaça de terrorismo. Obama chamou o Congresso a revisar a autorização de uso da força aprovada após o ataque às Torres Gêmeas para que reflita os novos tempos.
– Os EUA estão em uma encruzilhada – disse Obama, afirmando que, com as “derrotas da Al-Qaeda no Paquistão e no Afeganistão”, as ameaças vêm de “diversas franquias terroristas” e de ações isoladas e radicais dentro do país, como ocorreu no atentado dos irmãos Tsarnaev em Boston.
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Obama defendeu o uso dos aviões drones – nesta semana, a revelação de que esses ataques mataram quatro cidadãos americanos desencadearam um forte debate constitucional nos EUA -, mas anunciou a limitação dessa estratégia.
Presidente interrompeu fala para escutar ativista
Além dos drones, o presidente tocou na ferida de Guantánamo, símbolo de abusos na resposta à guerra ao terror. Enquanto culpava o embate partidário por não conseguir cumprir a promessa de fechar a prisão, Obama foi interrompido várias vezes pela ativista Medea Benjamin, ligada ao grupo pacifista Code Pink. Ela gritava “86 já foram absolvidos, libere-os”, referindo-se aos presos que não foram transferidos para o Iêmen por uma moratória que impede que voltem ao país onde estão concentrados os esforços contra células da Al-Qaeda. À Medea, Obama disse que a liberdade de expressão também inclui ouvir.
Mudanças em vista
Obama anunciou ações para limitar ataques com aviões e fechar base
Drones
– Os ataques com aviões controlados por sistema remoto foram usados, por exemplo, no Iêmen e no Paquistão, especialmente pela CIA.
– Ontem, Obama afirmou que os ataques são necessários, mas que serão reduzidos. Um memorando assinado por Obama define em que situações os Estados Unidos podem fazer uso de ataques com drones no Exterior.
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– O texto indica que as pessoas que forem alvo desses bombardeios têm de representar uma ameaça “iminente” aos americanos, e indica, também, que essas ações apenas podem ser efetuadas quando o suspeito não puder ser capturado facilmente.
– A partir de agora, para haver o ataque, é necessário haver “quase certeza” de que o objetivo terrorista está presente, e que nenhum “não combatente” será ferido ou morto. A determinação visa impedir mortes de civis nos ataques, que até o momento eram realizados sem o conhecimento da identidade de todas as pessoas presentes.
– Passa a responsabilidade das operações da CIA para o Pentágono.
Guantánamo
– Logo ao assumir o governo em 2009, Obama assinou uma ordem de fechamento da base de Guantánamo, mas a prisão continua aberta por restrições impostas pelo Congresso.
– O governo parou de fazer transferências de presos ao Iêmen, país sede de um dos núcleos mais fortes da Al-Qaeda. Ontem, pediu o fim da moratória contra a transferência ao Iêmen e anunciou que irá nomear um novo enviado para supervisionar o caso.
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– Pediu que o Pentágono escolha um lugar em solo americano onde serão realizados os julgamentos em tribunais militares de exceção de detentos que ainda tiverem acusações.
– Em junho de 2003, a base chegou a ter 684 presos. Hoje, são 166 presos, a maioria deles com nacionalidade iemenita. Desses, pelo menos 40 estão detidos sem acusação formal.
– A maioria dos presos está há semanas em greve de fome e recebe alimentação forçada.
– Obama admitiu que não se tem provas legais para condenar parte dos presos, embora sejam uma ameaça.