O histórico de tensão que acompanha o Complexo Penitenciário do Vale do Itajaí, a Canhanduba, nas últimas semanas foi assunto em uma reunião das diretorias das subseções da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Itajaí, Camboriú e Balneário Camboriú nesta quinta-feira. O resultado é um pedido formal que deve ser entregue na próxima semana à Justiça para que o complexo pare de receber presos de outras comarcas. De acordo com os advogados, a superlotação e a falta de ocupação são aspectos que agravam a situação da unidade prisional. A Defensoria Pública de Execução Penal de Itajaí também ressalta que esses problemas são cruciais para entender o colapso na gestão da Canhanduba.
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Em junho, uma briga entre presos resultou em morte, poucos meses depois, princípios de rebelião, incluindo um agente penitenciário sendo feito refém por algumas horas. Além disso, a tensão dentro não ficou limitava aos muros do presídio da Canhanduba, no Litoral Norte do Estado. Atentados a casas de agentes e conflitos com a polícia resultaram em mortos. Em reunião realizada na manhã desta quinta-feira, representantes de subseções da OAB na região debateram uma solução para o problema.
Inquérito aponta superlotação em presídio da Canhanduba
Preso é morto dentro da Penitenciária da Canhanduba
— Está claro que o problema se baseia na superlotação e na falta de ocupação para os detentos. A administração da Canhanduba tinha bons índices, mas o excesso de presos teve essa consequências. Conversamos na reunião da OAB sobre este problema e vamos produzir um documento que será entregue na próxima segunda-feira ao juiz-corregedor da Vara de Execuções Penais de Itajaí para que o complexo não receba mais detentos de outras comarcas – informa o presidente da OAB de Balneário Camboriú, Juliano Mandelli Moreira.
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O complexo abriga atualmente 2,2 mil presos para uma capacidade de 1,6 mil. Para o defensor Público de Itajaí, Elinton Cassiano Nolli, que visita semanalmente a unidade prisional, a superlotação também prejudica a falta de estrutura para oferecer trabalho aos presos, provocando ainda mais insatisfação nos apenados:
_ A falta de ocupação é a principal reclamação dos presos. Além de ganharem capacitação profissional, o trabalho permite reduzir o tempo de pena (a cada 3 dias trabalhados desconta 1 da pena), gera salário que pode ajudar suas famílias e até pagar indenizações para vítimas e de proporcionar a possibilidade de outra vida quando saírem em liberdade.
Em resposta a um ofício da Defensoria Pública, o diretor do Complexo Penitenciário do Vale do Itajaí, Juliano Stoeberl, comunicou em agosto deste ano que dos 267 apenas do presídio masculino, 15 trabalhavam; são 182 presos na ala do regime semiaberto, sendo que 82 têm ocupação; e na penitenciária do complexo, dos 70 apenados, 39 trabalham no interior da unidade.
A assessoria de imprensa da Secretaria de Estado de Justiça e Cidadania informou que a direção do Complexo Penitenciário do Vale do Itajaí não vai se pronunciar até receber um documento oficial da OAB/SC sobre o pedido de interdição para o recebimento de presos de outras comarcas.
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