*Por Brian X. Chen

Já faz semanas que o coronavírus parou nossa vida, fechando escolas, escritórios e academias. Presos em casa, temos muito tempo para refletir sobre as coisas que importam.

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A tecnologia de consumo – pelo menos a maior parte dela – não é uma prioridade.

É isso mesmo. Estou admitindo que muitas das inovações de alta tecnologia sobre as quais falo regularmente nesta coluna – de smartphones dobráveis a campainhas com câmeras – são excessivas, mesmo que sejam bacanas. Durante anos, as empresas de tecnologia nos empurram redes 5G ultrarrápidas, caixas de som com inteligência artificial que falam conosco e outros aparelhos e recursos cheios das firulas, mas a maioria das pessoas não usa essa parafernália agora.

Em uma crise, nossa tecnologia mais importante – aquilo que usamos o tempo todo – se resume a alguns itens e serviços básicos:

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Dispositivos computacionais com acesso a ferramentas de trabalho e um navegador.

Ferramentas de comunicação para nos mantermos conectados com pessoas queridas e colegas.

Entretenimento para evitar que percamos a cabeça.

Uma conexão com a internet que nos permita fazer tudo isso.

Quando se pensa no assunto, isso é tudo de que realmente precisamos, mesmo quando não há pandemia. Na verdade, é uma bela revelação. Esta pequena lista pode orientar nossas prioridades no consumo tecnológico mesmo depois de sairmos deste período incerto. Também significa que não temos de gastar muito dinheiro para maximizar nossa felicidade com a tecnologia.

Uma boa conexão com a internet

Algumas semanas atrás, um vizinho me mandou uma mensagem com perguntas sobre a velocidade da internet. Usamos o mesmo provedor de internet, o Monkeybrains, mas sua conexão era muito mais lenta que a minha.

Então perguntei que roteador ele possuía. Era um modelo de sete anos que usava tecnologia sem fio ultrapassada. Eu o encorajei a substituí-lo e, depois de alguma hesitação, ele comprou um novo. Sua conexão ficou rápida.

Essa experiência ressaltou o que sempre suspeitei: todos querem uma conexão rápida e estável, mas muitos odeiam investir na infraestrutura para obtê-la. O equipamento de rede está entre os hardwares mais importantes que usamos; um roteador desatualizado pode ser um gargalo para todos os seus dispositivos conectados à internet.

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A lição: invista tempo e dinheiro na manutenção de sua infraestrutura de internet. Pergunte a seu provedor sobre a lentidão da velocidade e, se isso não ajudar, verifique seu roteador e considere atualizá-lo.

Geralmente, recomendo os chamados sistemas Wi-Fi de malha, como o Google Wifi e o Eero da Amazon, que permitem conectar vários pontos de acesso sem fio, para que toda a sua casa tenha uma boa conexão.

Ferramentas de comunicação

O Zoom, o serviço de videoconferência fácil de usar, aumentou sua popularidade na pandemia por uma razão óbvia: estamos todos desesperados para ver e conversar uns com os outros agora que estamos presos em casa.

Mas nossa súbita adoção do Zoom levou a descobertas da fraca segurança do produto, o que poderia permitir que invasores sequestrassem nossas câmeras web, entre outros problemas de privacidade. Também revelou que muitos não estavam preparados e não tinham um conjunto robusto de ferramentas de comunicação.

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A lição: agora é um bom momento para decidir com a família, os amigos e os colegas quais ferramentas satisfazem nossas necessidades, respeitando a privacidade. Tente escolher aplicativos de mensagens e videoconferência de marcas respeitadas.

Para mim, eles são o Signal e o FaceTime para mensagens e bate-papos por vídeo com meus amigos e familiares, e Slack e Google Hangouts para colaboração com meus colegas. Alguns desses aplicativos tomam medidas extras de segurança para criptografar nossas comunicações, enquanto outros têm fortes registros de proteção de nossos dados contra hackers.

Entretenimento

Tantas pessoas estão transmitindo vídeo na pandemia que, na Europa, a Netflix e o YouTube foram forçados a transmitir temporariamente vídeos em formatos de menor qualidade para evitar quebrar a internet. O console de jogos Switch da Nintendo também é praticamente impossível de encontrar, pois o jogo Animal Crossing: New Horizons, exclusivo da Nintendo, nos oferece uma doce fuga da realidade.

Obviamente, todos nos preocupamos com entretenimento: estamos gastando centenas de dólares por ano em assinaturas digitais, incluindo serviços de streaming de vídeo e música.

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A lição: essa é uma boa desculpa para nos presentearmos. Compre um dispositivo que seja bom para seu entretenimento, como uma TV da TCL ou da Sony, de US$ 350 a US$ 1.000, ou um alto-falante Bluetooth de US$ 92 da Ultimate Ears.

Um dispositivo de computação para trabalhar

Esse item é o último da lista porque é o mais óbvio. A pandemia destacou a importância dos dispositivos que usamos para o trabalho: smartphones e computadores.

A lição: como essas são as ferramentas que nos tornam produtivos, devemos investir em dispositivos de alta qualidade. A boa notícia é que existe uma seleção grande de smartphones e computadores de ótima qualidade que você pode comprar sem gastar quantias extraordinárias de dinheiro. Cerca de US$ 400 comprarão um bom dispositivo Android ou iPhone, e um computador decente custa apenas US$ 500.

Sou fã do smartphone Pixel 3A, de US$ 400, do Google, e do iPad de nível básico, por US$ 330, da Apple, que pode ser transformado em um laptop barato com a anexação de um teclado.

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Inovações que podemos ignorar

Esta lista de necessidades básicas de tecnologia também serve como um guia para as inovações das quais realmente não precisamos.

Aquela caixa de som inteligente da Amazon ou do Google? Com certeza, apaga bem as luzes do quarto. Aquele telefone com a tela dobrável? Certamente, parece legal. Mas se eles não o ajudarem a trabalhar, ficar conectado e se entreter, dá para encontrar outras maneiras de gastar seu dinheiro.

Seja qual for a configuração que você escolha, é bom que ela seja mínima. Quanto mais tecnologia você possuir, mais dispositivos vão exigir a solução de problemas.

E tenha em mente que a tecnologia que você escolhe pode ser simples. Esta pandemia trouxe um ressurgimento do humilde telefonema, que sempre foi uma boa ferramenta de comunicação.

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