Além do já conhecido uso para tratamentos médicos, a Cannabis Sativa tem sido explorada também pela indústria, através do cânhamo — uma linhagem da planta diferente da maconha. No Brasil ainda não há liberação para cultivo, mas há registros de importação por diversas marcas brasileiras que usam a planta principalmente para confecção de roupas e cosméticos.
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Apesar de serem da mesma espécie, o cânhamo e a maconha possuem genética, uso e formas de cultivo diferentes. Geralmente, o cânhamo não apresenta mais do que 0,3% de THC por peso seco, por isso não tem efeitos psicoativos.
Os tecidos de cânhamo vêm sendo aproveitados em diferentes locais ao redor do mundo, como em países da Europa, onde o cultivo da planta é legalizado. No Brasil, isso ainda não é possível, pois há uma proibição geral sobre a planta Cannabis Sativa L., que é controlada e precisa ser prescrita, conforme portaria da Anvisa.
Apesar de não existir regulação no Brasil, há diversos registros de importações de insumos da planta por diferentes estados do país e, também, por marcas brasileiras que não foram criminalizadas por tal procedimento. Isso porque, segundo especialistas, o tecido do cânhamo é um material processado sem fitocanabinoides e, portanto, não pode ser categorizado como parte ou substância química da Cannabis sativa L.
Marca de calcinhas usa cânhamo na produção
Muitas marcas já incluíram roupas de cânhamo em suas coleções. Seguindo essa tendência, Poliana Vieira Rodrigues criou, em 2021, a FloYou, uma marca de calcinhas absorventes feitas com cânhamo.
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— Eu tinha acabado de descobrir as calcinhas absorventes como método de higiene menstrual e também estava atuando no mercado da cannabis com outro projeto de comunicação. Então, decidi fazer essa guinada para potencializar esse debate […] Fiz uma grande lista de aplicações do tecido. Em um certo momento deu o clique de eu poder unir uma outra esfera, que é tão tabu quanto a cannabis, que é o assunto da menstruação — conta Poliana.
Como o cânhamo não é fabricado no Brasil, porque não há plantio, quem deseja trabalhar com a planta tem duas opções: importar o tecido e fazer o produto no Brasil, ou fazer 100% fora do país e importar a peça pronta. Poliana optou pela segunda opção. A empreendedora explica que a sustentabilidade e benefícios para o produto final foram definitivos para ela investir nas calcinhas de cânhamo.
— A planta deixa o produto muito lapidado. Desde o cultivo, que consome menos água, absorve dióxido de carbono e regenera o solo, até o próprio tecido, por não demandar o uso de pesticidas, é um tecido bactericida, hipoalergênico, atóxico, antiodor […] Enquanto na indústria existem vários processos que aplicam quimicamente essas propriedades em um tecido, o cânhamo tem naturalmente essas propriedades — explica a empreendedora.

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