De cinco anos para cá, a Espanha deixou de ser aquele time que chegava, mas não ganhava. Passou a levar tudo: uma Euro, uma Copa, outra Euro. Virou o time que todos querem bater. Virou o Brasil.

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– Nos acostumamos que todos os outros venham jogar conosco com uma motivação especial – disse Casillas, depois da classificação para a final da Copa das Confederações.

Ser o time a que todos querem vencer tem suas consequências, vistas na semana dos espanhóis, que chegaram nesta sexta ao Rio, em Fortaleza. Uma foi que a torcida levou a sério aquela mania de torcer sempre pelo mais fraco – ou seja, contra a Espanha. Nas partidas contra Nigéria e Itália, a Fúria, impiedosamente vaiada pelos cearenses, parecia um time rival dos torcedores do Castelão, e não visitante.

Outra foi provocar, na Espanha, uma certa mania de perseguição: a imprensa brasileira foi acusada de tentar favorecer a Seleção de Felipão ao noticiar a confusão que jogadores espanhóis teriam feito ao serem impedidos de levar mulheres para seus quartos depois de uma balada.

E também tem a consequência citada por Casillas. Depois de jogar o favoritismo para cima da Espanha nas entrevistas, o técnico italiano Cesare Prandelli atirou seu time para cima dos ibéricos. Fez um jogo três vezes melhor do que contra o Brasil e quase se vingou dos 4 a 0 sofridos na final da Euro 2012. O treinador da Fúria, Vicente Del Bosque, passou metade do tempo, nas entrevistas protocolares, elogiando o colega. E, na outra metade, levantando a bola do Brasil:

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– Vamos realizar o sonho de criança de jogar contra o Brasil no Maracanã.

Fez isso, em parte, pela velha tática de jogar a responsabilidade sobre o adversário – mesmo que a imprensa espanhola esteja em festa, prevendo outro “Maracanazo”. Mas também porque o Brasil sabe há 55 anos, desde que começou a ser campeão de tudo, como é ser o adversário a ser batido.

Ainda que a Seleção esteja mal há algum tempo, os 23 de Felipão nasceram no país de Pelé, de Garrincha, de Romário, de Ronaldo _ o país do futebol. Criados no favoritismo que os espanhóis conhecem desde 2008.

Neste domingo, pegando um Brasil em boa fase, Del Bosque tem uma chance rara nos últimos tempos: vai fazer a preleção falando de um adversário que, no mínimo, é do tamanho da Espanha.