Batizado HD World Junior Championship, o Mundial Júnior da ASP, que começa neste domingo, resgata um passado marcante na história de Florianópolis. Foi nas ondas da Joaquina que a cidade ganhou uma aura diferente e as sementes do profissionalismo do esporte foram plantadas, em 1986.

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Os 64 surfistas que disputam o Mundial nem eram nascidos quando o Hang Loose Pro Contest desembarcou na Joaquina. Organizado pela Master Promoções (Arnaldo Spyer, Roberto Perdigão e Flávio Boabaid) e patrocinado pelo empresário Álfio Lagnado, o evento marcou o retorno do circuito internacional de surfe profissional ao Brasil e transformou Florianópolis na capital do surfe nacional, desbancando o Rio de Janeiro, palco dos lendários Waymea 5000 na década de 1970.

Da noite para o dia, os ídolos das páginas da revistas especializadas estavam na praia para quem queria ver, tocar e interagir: Tom Carrol, Mark Occhilupo, Cheyne Horan, Wayne Rabbit Bartholomew e Rob Page, Shaun Tomson, Hans Hedemann, entre outros. Para completar, uma ondulação de leste entrou com força no litoral catarinense e as ondas não pararam de rolar. A competição foi vencida pelo então desconhecido australiano Dave Macaulay e o carioca Sergio Noronha, o Fedelho, seria o melhor brasileiro, na quinta colocação.

No domingo, último dia do evento, um público estimado em 30 mil pessoas lotou a praia e acabou com a água e a comida em todos os bares e restaurantes.

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– Foi durante esses dias que foi criada a Abrasp, a Associação Brasileira de Surf Profissional (Abrasp), durante algumas reuniões – conta Danny Boy, responsável pela estrutura dos eventos de surfe da ASP no Brasil.

Desde então, a Joaquina passou a ser palco obrigatório das principais competições de surfe do Brasil. Hoje, os tempos são outros, o surfe teve seus altos e baixos, está mais profissional do que nunca e sem o charme da contracultura. Mas quem sabe, daqui há alguns anos não diremos: “eu vi o campeão do mundo de surfe na Joaquina quando ela ainda era um moleque”.