Se soubessem que um dia o Brasil teria sua própria Escola do Teatro Bolshoi, será que a comoção dos amantes da dança seria tão grande nos dias que precediam o 14 º Festival de Dança de Joinville? Quando a organização anunciou que 17 integrantes do Bolshoi de Moscou viriam para o espetáculo da noite de abertura, uma empolgação renasceu naqueles que tinham deixado o evento um pouco de lado no ano anterior.

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Todo mundo queria assistir a uma das companhias de balé mais famosas do mundo e a dupla noite de abertura. O que em 1995 foi encarado como arrogância, valeu a pena em 96: mesmo com o Bolshoi se apresentando em duas noites – uma para convidados e patrocinadores e outra para público em geral – faltou ingressos a todos os interessados.

– Foi uma loucura, muita gente queria assistir.

Para resolver, os bailarinos tiveram que fazer mais uma apresentação, reduzida, na abertura da primeira noite da mostra competitiva – conta a coordenadora artística Vera Nascimento.

Ter os bailarinos do Bolshoi em Joinville parecia tão grandioso que, antes de chegarem, havia a desconfiança de se tratarem de farsantes. Quando chegaram, não só provaram ser os “originais”, como fizeram um grande espetáculo, com fragmentos de peças como “O Baile dos Fantasmas”, “O Corsário” e “O Quebra Nozes”. De quebra, fizeram turismo e dispensaram a guarda policial.

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– Eles afirmaram que não precisavam de segurança, já que estavam no paraíso, na Cidade da Dança”, lembra Rolf Sell, que coordenava o festival na época.

Os bailarinos andaram de Barco Príncipe, onde experimentaram – várias vezes – a caipirinha brasileira.

– Foi um passeio maravilhoso, mas só posso dizer que à noite ninguém conseguiu ensaiar – revela Rolf.

Você sabia?

Em 1996, pela primeira vez no festival o sapateado ganhou uma atração especial com a apresentação de Steven Harper. O bailarino sapateador fez uma grande performance e garantiu seu espaço no festival nas edições seguintes, como professor e jurado.

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Se o Bolshoi foi uma boa previsão para o futuro de Joinville, as paredes do Ivan Rodrigues tiveram sorte de não fazer parte da adivinhação. Foram investidos R$ 100 mil na reforma do ginásio que abrigava o Festival pela penúltima vez.