Esta é a segunda participação do escritório Ivva, dos arquitetos Ernando Zatariano e Carina Beduschi, na Mostra Casa Nova. Estrearam ano passado e em 2013 os profissionais entraram para projetar o dormitório O Sonho do Artista.

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– Ficamos encantados com a arquitetura do Mesc e tentamos manter ao máximo as características originais do prédio.

Eles mantiveram o pé-direito duplo, que foi valorizado por uma faixa de espelho que circunda o ambiente. Igualmente, três pendentes de tamanho generoso – 80 centímetros de diâmetro – ganharam notoriedade. Ainda com este princípio de ressaltar a arquitetura existente, os arquitetos deixaram à mostra as esquadrias originais que foram emolduradas destacando mais as aberturas.

O papel de parede no fundo do nicho que dá lugar à estante é valorizado na decoração do dormitório

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A inspiração para o dormitório, segundo Carina, foi Cândido Portinari. Uma das referências usadas no ambiente vem da série Pipas, que remete à infância do artista.

– Reproduzimos as pipas num centro de usinagem e pintamos com laca fosca azul para criar um painel. O tom também vem da obra de Portinari. Ele foi o primeiro pintor a usar o pigmento azul no Brasil – explica Carina.

A base do projeto evidencia as cores mais neutras para destacar as obras de arte e ainda para tornar o ambiente mais aconchegante por se tratar de um dormitório. No espaço de 40 metros quadrados os autores trabalharam com peças mais generosas. São poucas, porém, bem funcionais. Exemplos são os criados-mudos que emolduram a cama. Feitos sob medida, medem – cada um – 1,45m de comprimento por 60cm de profundidade.

As estantes bem como o interior dos armários não passam despercebidas. Para valorizar esses móveis, os arquitetos usaram papel de parede como pano de fundo, literalmente. No caso da estante, as prateleiras foram confeccionadas em acrílico translúcido, já que o foco é o papel. Na composição, objetos antigos de valor afetivo e outros novos. Dentro do armário, iluminação embutida e divisórias de vidro ressaltam o papel.

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Como o ambiente foi pensado para um homem mais maduro, no caso o artista, projetou-se uma mesa profissional com cara de escrivaninha antiga, mas com materiais contemporâneos como a laca fosca e o tampo central de aço escovado, por ser mais resistente.

Além do piso e do teto originais da edificação neoclássica, outros elementos fazem uma brincadeira com décadas passadas. São clássicos do décor, mas usados de maneira atual como o veludo molhado na cabeceira da cama e o granito marrom usado nas bancadas do bar e da lareira.