Santa Catarina sempre foi especial, com um parque fabril competitivo globalmente fundado por seus próprios empreendedores, uma das melhores distribuições de renda, destino turístico mais desejado do país, melhor índice de educação básica da 6ª a 8ª série deste ano, trabalhadores qualificados que superam expectativas e outros diferenciais. Com um polo forte de indústrias de autopeças, sempre sonhou em sediar uma montadora.

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Agora, após inúmeras tentativas de seus governos nas últimas décadas, o Estado tem a confirmação da vinda de unidade da alemã BMW, a maior grife do mundo em carros de luxo produzidos em série. É em função da relevância desse investimento para a economia do Estado que o Diário Catarinense vem dando ampla cobertura ao tema desde quando as negociações começaram, em maio do ano passado.

Entre as tentativas anteriores para atrair uma gigante do setor, SC conversou, nos anos 1990, com a General Motors e a Ford. Os contatos com a GM foram feitos pelo então governador Paulo Afonso Vieira, e o secretário de Desenvolvimento, Henrique Weber, em 1994. Eu era repórter do DC e entrevistei o presidente da GM do Brasil da época, Mark Hogan, que participou da inauguração da concessionária da empresa, a Rudnick Veículos, em São Bento do Sul. Ele falou que a empresa estava avaliando propostas.

Depois, como o governador do RS, Antônio Britto, ofereceu mais incentivos, a empresa foi para Gravataí. De 2001 a 2010, os contatos com a Toyota e a Hyundai foram feitos pelo governo de Luiz Henrique da Silveira, mas elas preferiram São Paulo. Foram tantas as decepções nas negociações que os catarinenses não acreditavam que o Estado poderia atrair uma montadora.

Além disso, o Estado perdeu, este ano, a montadora TAC, de Joinville, para o Ceará em função de incentivos regionais. Fundada por empresários locais em 2004, ela produz o jipe Stark. Outra perda foi a falência, no mês passado, da fabricante joinvilense de ônibus Busscar.

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A decisão da BMW incluirá Santa Catarina num seleto grupo de estados. Por ser a joia da coroa das montadoras, colocou o Estado em evidência para novos investimentos inovadores. E o Estado já aprovou legislação para atrair montadoras, fabricantes de aviões, helicópteros, tecnologias para segurança e medicamentos de ponta. A decisão da companhia alemã atrairá variados projetos do setor automotivo e outros. A montadora de caminhões Sinotruck confirmou unidade em Lages e a produtora de automóveis Geely poderá vir para Imbituba.

É grande o otimismo em Araquari, município que deverá sediar a empresa, e em Joinville. Afinal, uma grande indústria impulsiona a geração de empregos de 86 setores. A chegada da empresa confirma projeção futura da consultoria internacional McKinsey, de que o Nordeste catarinense terá um dos crescimentos mais dinâmicos do Brasil até 2025.

Sobre os efeitos econômicos de empresas automotivas, vale citar o exemplo de Porto Real, município do Rio de Janeiro que, em 2001, recebeu a Peugeot Citroën. Em 1996, quando se emancipou, sua prefeitura tinha orçamento de R$ 5 milhões; em 2005, subiu para R$ 40 milhões; e, este ano, vai fechar em R$ 212 milhões.

Apesar da série de diferenciais, a economia catarinense precisa crescer e avançar em inovação para oferecer mais oportunidades de emprego e renda. A BMW será um grande salto nessa direção. Agora só falta ela assinar o memorando de entendimento (M.O.U – memorandum of understanding) com o governo de SC para selar sua vinda ao Estado.

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