Depois de atravessar a pré-campanha como candidato ao comando do Estado, Esperidião Amin (PP) integra agora o time que disputa uma das duas vagas disponíveis no Senado Federal. Com extenso currículo na política catarinense, Amin, se eleito, será senador pela segunda vez. Deposita na experiência que acumulou como gestor político no tempo em que foi governador e também prefeito da Capital a esperança para conquistar os votos que irão lhe dar mais oito anos na política.

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Confira abaixo o que o candidato tem a falar na segunda de uma série de entrevistas com os candidatos catarinense ao Senado produzidas pelo Diário Catarinense.

Perfil

Nascimento e idade: 21/12/1947 | 70 anos

Naturalidade: Florianópolis (SC)

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Profissão: deputado federal

Escolaridade: doutor

Carreira política: já foi governador de SC duas vezes, prefeito de Florianópolis duas vezes, senador e deputado federal, também por dois mandatos

Vídeo: confira as principais propostas de Esperidião Amin, candidato ao Senado pela PP

O senhor tem 70 anos, já foi governador, prefeito de Florianópolis, senador e hoje atua como deputado federal pela segunda vez. A candidatura ao Senado pode ser o último ato do senhor na vida política?

Eu não posso fazer previsões, mas acho que é justo esse projeto como sendo uma missão, se não for a última, é a missão ao qual eu vou dedicar mais capricho. Tive interstício, intervalos, na minha vida política. Fiquei oito ano sem mandato e aproveitei esse período de 2003 a 2011 para voltar a estudar. Queria transformar esse exemplo em um conselho e uma palavra para o jovem. Nós temos hoje dezenas de profissões que existiam há dez anos e não existem mais e não sabemos que profissões serão necessárias daqui a 10 anos, nem sabemos quais serão, então, a educação tem que ser um processo permanente na nossa vida e eu tive a circunstancia de aproveitar o período de oito anos em que eu estive sem mandato para voltar a estuda. Fiz meu mestrado, fiz o doutorado, respectivamente, em Administração e Engenharia da Gestão do Conhecimento, na Universidade Federal onde eu sou professor, no momento afastado, aposentado. Aproveitei para me repaginar, por dentro e por fora, melhorei meu conteúdo, dialoguei muito com os jovens, aprendi muito com meus alunos, muito, além de aprender com meus colegas também, professores e alunos. Então eu queria transformar esse caso num conselho para o jovem de que tudo o que nós podemos conquistar na vida depende da educação. Saúde é um bem. Segurança deveria ser um direito básico, humano. O esporte, lazer, cultura, zelar pelo meio ambiente são complementos da educação. A educação é o nosso aperfeiçoamento, ela nos traz valores, ela mostra as nossas deficiências, até quando eu aprendo, eu aprendo também a conferir as outras deficiências que eu tenho. A vida exige qualificação e num estado como SC, em que o nosso sucesso depende da nossa qualificação, eu queria que este pequeno caso pessoal se transformasse em uma palavra com autoridade. Não deixe de aproveitar todas as oportunidades de atualizar seu conhecimento. Hoje o conhecimento é compartilhado. No meu tempo de jovem a cola era um pecado, uma contravenção, hoje o trabalho em cooperação é a cola moderna porque não adianta eu saber as coisas, ou decorar as coisas. Primeiro que o Google me ensina o que eu não souber, segundo que eu tenho que compartilhar soluções. Esse é o desafio da educação moderna, da qualificação moderna que eu queria transformar num grande esforço lá no Senado como forma de oferecer aos jovens que foram meus colegas, meus alunos, mas foram acima de tudo meus parceiros especialmente na vida pública e nesses oito anos sem mandato, eu queria oferecer a eles um trabalho muito forte para ajudar a melhorar a educação, valorizar o professor, atualizá-lo porque o professor tem que se atualizar para acompanhar o que a garotada e a moçada está requerendo e precisando.

Era esperado que o senhor fosse candidato ao governo de SC. O que aconteceu que o senhor saiu candidato ao Senado e não ao governo?

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Nós tivemos que fazer uma composição política que nos tornasse competitivos eleitoralmente e hoje eu vejo com satisfação que, no que toca a minha pessoa, eu tomei a decisão certa para o meu partido e para SC. Temos uma composição com dois grandes candidatos a governador e a vice. Pessoas que se prepararam para essa missão, Gelson Merisio (PSD) e o João Paulo Kleinübing (DEM), e sou parceiro de alguém com tanta qualificação quanto eu, ex-governador, bem sucedido, um comandante, o Raimundo Colombo (PSD), que atravessou essa borrasca de 2016 até hoje sem aumentar imposto, sem atrasar salário, sem assustar nem a tripulação, nem os passageiros do navio, no sentido figurado, que é SC. Um grande comandante. Acho que nós dois juntos em Brasília vamos dar conta do recado ou pelo menos dar o melhor recado.

O MDB rompeu com Colombo, mas ele foi um dos grandes apadrinhados de Luiz Henrique da Silveira, que foi também um grande adversário seu. Como o senhor encara essa chapa que existe hoje?

Nós temos muito mais coisas em comum do que ao contrário. O Raimundo foi meu secretário de Desenvolvimento Social em 1983, foi o grande parceiro na reconstrução depois da enchente de 83, ele permitiu que depois da maior enchente da história de SC em seis meses não tinha ninguém que tivesse perdido a sua casa sem ter um teto, foi a maior enchente da nossa história, um dos maiores prejuízos econômicos, sociais e, em seis meses, não havia, especialmente no Vale do Itajaí, que foi o mais afetado, nenhuma família que não tivesse um teto seu. Foi o Raimundo Colombo quem liderou isso.

Não existe rivalidade entre vocês?

O que existe na vida política, ao longo de tanto tempo, 35 anos, houve encontros e desencontros, mas eu não tenho dúvidas que este é o encontro de pessoas que tem a mesma raiz. Então, a nossa aproximação, a nossa coligação com o PSD é a mais natural possível, não sei se a aproximação com o MDB foi natural e respeito, a política apresenta sempre fatores e circunstâncias novas, mas eu entendo que esta coligação é auto explicável. Como se diz nas estradas da vida houve desencontros, mas este é um encontro.

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Em um período onde se fala tanto em renovação, ter três candidatos da mesma família concorrendo na mesma eleição, não vai contra os anseios da população?

Primeiro eu acho que renovação eles próprios representam. O João Amin é uma renovação na Assembleia, está cumprindo o seu primeiro mandato e tem uma folha de serviço expressiva que merece ser analisada. Quanto a Angela, acho que seria um desperdício ela não disputar a eleição, com os talentos e dedicação que a sua carreira política mostra. Cabe ao povo saber se merece ou não merece o voto. Feio seria se eu tivesse querendo empregar um deles no governo, aí eu teria que explicar, agora se estão disputando o voto isso é da democracia e só vai votar quem quiser, quem escolher, como é o meu caso também. Acho que é muito importante a renovação, agora também é muito importante a experiência e o Senado é a representação para o Estado. Para ser deputado ou vereador tem que ter 18 anos de idade, para ser senador precisa ter 35, mais do que a idade para ser governador. Por que? Porque o Senado é a casa revisora, casa que representa o Estado, onde se exige uma experiência razoável e eu acho que Raimundo Colombo, ex-governador, e Esperidião Amin, ex-governador, têm a experiência, autoridade política e mais autoridade moral, eu pessoalmente não tenho ninguém empregado nesse governo, repito, para ter independência e defender o seu Estado, o cidadão para votar em você, você tem que ter autonomia, eu não tenho nem ministro indicado, nem assessor indicado neste governo federal, pode procurar, nem neste nem no anterior, então eu tenho independência para defender o povo de SC e é assim que eu me apresento. Acho que isso que é renovação, porque ter penduricalho nesse governo além de ser comprometedor é um desserviço.

Já faz 20 anos que o senhor esteve no Senado. O que espera encontrar se for eleito agora?

Eu entendo que o grande desafio deste momento é ajudar o Brasil a vencer essa crise que é uma crise moral, uma crise financeira e econômica, com reflexos sociais dramáticos, desemprego, recessão, enfim, esse conjunto vai exigir coragem para enfrentar os problemas e ajudar o Brasil e SC. Nós temos reformas que vão depender evidentemente da escolha do presidente da República, mas que são inadiáveis, a primeira delas eu considero que é a reforma tributária, o Brasil precisa voltar a crescer e nós temos o sistema tributário que dificulta o empreendedor, dificulta o pequeno e médio empresário. Eu que tive o privilégio como governador do Estado de aprovar o primeiro estatuto de micro empresa do Brasil, criar linhas de crédito para pequena e micro empresa, pequeno crédito, pequeno patrão, crédito de confiança, sempre fui voltado a este assunto. O Brasil precisa voltar a crescer e primeira mola é o pequeno e micro empresário, então a reforma tributária vai significar libertar o Brasil de um sistema tributário que se exauriu. Esta talvez seja aprovada já neste ano, nem espere, pelo menos na Câmara dos Deputados a próxima legislatura, talvez fique para o Senado. E algumas reformas que permitam ao Brasil segurar suas despesas e suas receitas, então, a reforma da previdência, obviamente ela é necessária, agora não este projeto que o governo covardemente apresentou que exclui o serviço público do alvo da reforma, for procurar no trabalhador de chão de fábrica, no trabalhador do campo, os primeiros a terem alterações doravante porque não são direitos que estão sendo retirados, mas que estão sendo chamados a dar contribuição para o equilíbrio das contas. Nós temos que reduzir o comprometimento do que é arrecado para pagamento de aposentadorias do serviço público e os primeiros passos já foram dados, nós temos que atualizar a previdência permanentemente porque nós estamos vivendo mais. Aquela mesma razão que eu apresentei para a saúde vale para previdência, o calculo atuarial não termina, nós estamos vivendo mais, a expectativa de vida no começo do século 20 era de 35 anos, agora já estamos praticamente chegando aos 80 anos e daqui a pouco teremos mais, a previdência está subordinada ao cálculo atuarial, não é uma questão política, é uma questão aritmética e atuarial, ou seja, a aplicação da aritmética, da matemática ao calculo atuarial. Estas duas reformas não encerram tudo, reforma política, nós demos um grande passo com a proibição da coligação nas eleições proporcionais, nós temos que caminhar para reduzir o número de partidos políticos, essa proliferação, 40 legendas, mais 56 pretendendo se legitimar no Tribunal Superior Eleitoral isso conspira contra a democracia, nós estamos fragilizando pela via da fragmentação partidária, a democracia que conquistamos tão duramente está tão desprestigiada hoje pelos desvios na política, isso também interessa para a renovação, vamos substituir os que erraram, mas vamos respeitar e valorizar aquelas que estando na política não envergonharam ninguém, eu pretendo estar neste grupo. Ouço isso na rua, a pessoa pode não concordar com alguma posição minha, mas sabe que eu me empenhei para não envergonhar o catarinense especialmente nessa questão moral que está deprimindo a politica no Brasil. Então acho que a renovação deve acompanhar também a valorização da experiência, com isso, com essa naturalidade que eu vejo as reformas fundamentais que nós temos a enfrentar incluindo eu repito a reforma política para que nós possamos voltar a dizer você me representa.

Candidatos ao Senado SC: acompanhe na tag todas as matéria da série de entrevistas