Foi-se o tempo em que quando se falava em futebol asiático a referência era o Japão. Agora a China é a bola da vez. O investimento pesado dos clubes do país atrai uma série de nomes de destaque, em especial do Brasil. E o alvo não se restringe mais a atletas em fim de carreira em busca de um pé de meia. Para se ter uma ideia, na atual janela de transferências, o futebol de lá desfalcou o Corinthians e levou os melhores jogadores do Campeonato Brasileiro: Renato Augusto e Jadson.
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Como a China pretende se tornar a Inglaterra da Ásia no futebol
Mas qual é o segredo deste futebol chinês que despeja milhões de reais no Brasil para levar os principais nomes do mercado pentacampeão do mundo? O DC foi atrás de atletas conhecidos do torcedor catarinense para desvendar este mistério. E descobriu que, além dos altos salários, condições de trabalho e segurança são atrativos.
– Estou com 27 anos e pretendo ficar por lá mais um tempo. Para voltar ao Brasil, agora vai demorar – garante o atacante Aloisio, ex-Figueirense, artilheiro do último Campeonato Chinês e há dois anos no Shandong Luneng.
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Jael, ex-Joinville, está desde junho de 2015 no Chongqing Lifan, mas também tem planos de permanecer.
– As pessoas têm outra impressão da China. Antes de eu ir, falavam muita coisa, mas é totalmente diferente. A parte financeira é muito melhor, bem acima dos valores do Brasil. E, se deixar, eles levam todo mundo – brinca o atacante de 27 anos.
Ninguém escapa, claro, das experiências de se adaptar a uma cultura diferente da nossa.
– Fui em uma feira em Pequim e tinha vários insetos no espeto. A única coisa que me chamou a atenção foi isso, mas não encarei. Não deu nenhum pouquinho de vontade – lembra Jael.
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Aloisio, Jael e cia disputam um campeonato organizado e que movimenta altos valores. São uma privilegiada legião brasileira que sucede nomes como Muriqui, ex-Avaí. Antes da chuva de milhões atual, o atacante passou pelo Guangzhou Evergrande, entre 2010 e 2014, e se tornou um dos ídolos do atual pentacampeão nacional.
Números comprovam sucesso da China
Segunda maior economia do mundo, a China organizou um campeonato de futebol milionário, cujos direitos de transmissão pela TV passam dos R$ 4,5 bilhões. Nas arquibancadas, a média de público é de 22,5 mil torcedores.
– O segredo é a explosão do dólar no Brasil. A China tem dinheiro e nosso país, jogadores. Eles não estão indo à Argentina, onde a crise também ajudaria a levar bons atletas. Aqui, se o dólar estivesse R$ 2, alguns jogadores permaneceriam. Mas a R$ 4, conseguem pagar R$ 2 milhões por mês a jogadores como Renato Augusto – analisa o comentarista esportivo Paulo Vinícius Coelho.
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Chinesão em números
R$ 110 milhões
foi o que o time de Felipão gastou em contratações de brasileiros
R$ 23 milhões
recebeu o Corinthians pela transação de Renato Augusto e Jadson
R$ 840 milhões
é o valor de mercado da Super League Chinesa
132 jogadores
estrangeiros atuam nas duas divisões chinesas
R$ 4,5 bilhões
é o valor dos direitos de transmissão de TV do Campeonato Chinês
R$ 239 milhões
é o valor de mercado da League One, a segunda divisão
Os brasileiros
l Guangzhou Evergrande: Felipão, Paulinho, Ricardo Goulart, Elkeson e Alan
l Tianjin Teda: Lucas Fonseca e Wagner
l Beijing Guoan: Kléber e Renato Augusto
l Shandong Luneng: Mano Menezes, Jucilei, Júnior Urso, Diego Tardelli e Aloísio
l Henan Construction: Ivo e Rafael Marques
l Guangzhou R&F: Renatinho
l Chongqing Lifan: Fernandinho e Jael
l Hangzhou Greentown: Anselmo Ramon
l Hebei China Fortune: Edu
l Shangai Greenland Shenhua: Paulo Henrique