Enquanto o principal gênero musical das populações de origem negra do início do século XX, o samba-enredo é um subgênero do samba (assim como o samba-canção, o pagode atual, samba de breque, etc.,) e se cristalizou no início da década de 1930 até 1945, na ditadura Vargas.

Continua depois da publicidade

Veja como foi o desfile das escolas de samba do Grupo Especial de Florianópolis

Foi um importante veículo de propaganda ufanista, funcionando como um forte elo de integração e divulgador de unidade nacional através do desfiles carnavalescos financiados e controlados pelo (DIP) Departamento de Imprensa e Propaganda, órgão repressor da Era Vargas.

Nova Musa da Hora é Bruna Barbi, da Coloninha

Continua depois da publicidade

Ao mesmo tempo, o samba-enredo surge como uma possibilidade de entretenimento, resistência e de ocupação do espaço público pelas camadas mais pobres da população, principalmente dos negros, que, pouco a pouco foram sendo expulsos das regiões centrais de cada estado, via projeto sanitarista e higienista, ocupando os morros e zonas mais afastadas.

Além de sua importância social e política, o samba-enredo foi se alterando ritmicamente ao longo do século XX. Durante as primeiras décadas do século passado, seu ritmo era mais lento e cadenciado e foi se modificando até chegar ao que conhecemos hoje. Essas mudanças foram a princípio introduzidas pelo advento televisivo e da possibilidade de transmissão dos desfiles ao vivo, o que modificou o andamento do samba-enredo, devido ao tempo que cada escola agora deveria para desfilar num contexto mais competitivo, além das gravações dos sambas-enredo em Long plays e a formação da LIESA, Liga das escolas de samba do Rio de Janeiro.

Essas transformações produziram o formato ideal de carnaval e de gênero musical tal qual conhecemos hoje, mais acelerado, ideal para um modelo de carnaval que valoriza o espetáculo, as fantasias e o luxo e fornece para a indústria do turismo alicerces para o crescimento das cidades onde os carnavais acontecem. Isso se dá a partir de uma forte propaganda que visa chamar atenção para tudo que o carnaval pode oferecer, em detrimento dos atributos e beleza naturais que cada lugar onde acontece o espetáculo pode apresentar.

Continua depois da publicidade

No início do século XX, nas duas primeiras décadas, o carnaval não tinha música própria. Marchas, marcha-rancho, bois-de-mamão, maxixes, polcas, tanguinhos, choros, eram os motes que ritmavam os carnavais. Quem não se lembra de “Ó abre alas que eu quero passar”, de Chiquinha Gonzaga, do Rosas de Ouro, importante Rancho Carnavalesco do fim do século XIX e início do século XX. Foi somente a partir do fim da década de 1920 que o samba-enredo conquista sua proeminência no cenário musical do carnaval e passa a ser o gênero por excelência cantado por aí em diante até nossos dias.

As primeiras escolas cariocas a despontar com grandes sambas foram a Estácio de Sá, Mangueira, Vila Isabel e Portela. Em Florianópolis, a mais antiga, os Protegidos da Princesa e a Embaixada Copa Lord, respectivamente de 1948 e 1955, nos seus primeiros anos cantavam os sambas que copiavam do Rio de Janeiro, o que mais tarde deixou de acontecer com o crescimento do carnaval, com o surgimento de canções próprias.