Aos 81 anos, dona Onélia Dalçóquio Baptista traz histórias de Itajaí vivas na lembrança. Histórias que ela conta com brilho nos olhos e a sabedoria própria de quem resolveu tomar, na vida, a posição de protagonista. Nascida no Bairro Salseiros, ainda vive no mesmo lugar onde moraram seus ancestrais. Foi ali que criou os filhos e construiu, com esforço, a Casa da Providência – espaço de orações e assistência, que atrai gente de toda a cidade.

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– Tudo aqui era muito diferente. Não havia estrada, e quando chovia andávamos com barro até o joelho. Não tinha água nem luz, nada.

Dona Onélia lembra que tinha que caminhar quilômetros até encontrar água limpa para lavar as roupas dos 18 filhos que criou. Naquela época o Salseiros era conhecido pelos trapiches, que serviam como terminal portuário para o carregamento de madeira.

O rio era o principal acesso ao bairro. Pelas ruas, só se andava de carroça ou bicicleta.

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O Salseiros experimentaria o primeiro sinal de crescimento com a chegada da fábrica de cimento, na década de 1950. Só 30 anos depois passaria a fazer parte do perímetro urbano de Itajaí.

Empenhada em atividades voltadas à igreja, de oração, dona Onélia caminhava por todo o bairro para ajudar os vizinhos. Assumiu o papel de líder comunitária, auxiliando, inclusive, na regularização de terrenos. Em suas andanças, viu o Salseiros crescer e se desenvolver.

Lembra que quando comprou o primeiro rádio, toda a vizinhança se reunia para ouvir a missa e o Repórter Esso. Hoje, com a chegada de muitos migrantes, a casa de dona Onélia ainda é ponto de encontro para quem precisa de roupa, comida ou uma palavra de conforto.

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Crescimento

Nos últimos anos, o Salseiros recebeu novos acessos, loteamentos e indústrias especializadas em logística, pesca e construção naval. Tem também um terminal retroportuário, que atraiu empregos e renda para o bairro.

– Hoje aqui tem de tudo, indústria, mercado, empresas, igreja. É um lugar muito bom para se morar – diz dona Onélia.

Curiosidade

O nome do bairro vem dos salgueiros, árvores que eram comuns no bairro e ficaram conhecidas, pelos moradores, como “salseiros”.

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Por que meu bairro é o melhor lugar do mundo?

Porque aqui eu encontro paz”, Onélia Dalçóquio Baptista.