A principal atleta do remo brasileiro na atualidade responde pelo nome de Fabiana Beltrame. Natural de Florianópolis, a atleta iniciou aos 15 anos no centenário Clube Náutico Francisco Martinelli, mas em 2005 se mudou para o Rio de Janeiro, onde já treinou no Flamengo e hoje defende o Vasco. No seu currículo, acumula um inédito título mundial feminino, ouro na primeira etapa da Copa do Mundo de 2015, e duas pratas em Jogos Pan-Americanos, a última conquistada semana passada em Toronto.

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Confira seu Odilon, remando aos 86 anos. Em vídeo também!

Fabiana Beltrame fica com a prata no remo do Pan

Catarinenses são prata na 2ª etapa da Copa do Mundo de Remo

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Ela falou ao Diário Catarinense sobre a tradição do remo catarinense, as dificuldades dos clubes de Florianópoli smanterem seus atletas, a atual situação do remo brasileiro e seus planos par ao futuro – que incluem voltar para SC no ano que vem. LEia a entrevista completa:

O que ficou para você da tradição do remo de Florianópolis?

O remo de Florianópolis sempre foi muito tradicional. Sempre foi um celeiro de atletas. Ainda hoje muitos atletas da seleção ainda são catarinenses. Os atletas começam aí e, como os clubes são relativamente pequenos, para crescer acabam vindo para o Rio de Janeiro, porque os clubes não têm condição de manter atletas mais caros. Tenho muito orgulho de ter começado aí. Até hoje considero meu clube de coração o Martinelli. É uma família.

O que pesou na hora de decidir ir para o Rio?

Quando comecei a treinar mais forte não pensava em sair de Florianópolis. Aconteceu porque na época (2005) meu técnico tinha sido mandado embora e eu estava terminando a faculdade, teria que começar a trabalhar, dividir os treinos com o trabalho. Então tive o convite do Vasco para vir para o Rio e me manter só treinando, e pelos objetivos que eu tinha era o melhor. Se tivesse que trabalhar não iria conseguir treinar tão bem, optei por continuar só remando, e por ser um clube pequeno o Martinelli não teria condições de me manter.

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Enxerga um cenário diferente para os clubes daqui no futuro?

De repente, com mais apoio de empresas privadas. É uma pena, temos tantos lugares para remar aí e perder esses atletas bons assim, que deveriam estar representando Santa Catarina. Claro que eu represento Santa Catarina também, mas não um clube catarinense. Fazer uma parceria com empresas privadas, acho que o caminho seria esse. Além de estrutura melhorar aí. Porque são clubes pequenos que não têm uma estrutura dos barcos, sala de musculação.

Você ganhou a única medalha brasileira de remo no Pan de Toronto, como avalia a participação da delegação?

Foi bem triste, vem ano após ano decaindo as medalhas em Pan-Americano, os resultados do Brasil como um todo. A Confederação Brasileira de Remo tem que fazer um planejamento e copiar as confederações que estão dando certo, por exemplo a canoagem, que há pouco tempo não era nada e agora conseguiu várias medalhas. Precisa haver uma reestruturação do remo brasileiro, realmente ele está falido, vamos ser bem realistas. E a culpa não é dos atletas, que estavam treinando muito para esse Pan, com certeza são os mais frustrados e decepcionados. Acho que tem que ter aí um planejamento desde a base, porque senão o remo, apesar de ser um esporte tradicional no Brasil, está fadado a ficar só nos clubes e não ter representação fora.

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Quais são suas perspectivas para a Olimpíada, que não tem a categoria que está acostumada a competir (skiff simples peso leve)?

Ainda não tenho parceira, por enquanto estou focando no Mundial, agora em agosto, e remando sozinha. Mas depois ainda não sei qual rumo vou tomar, já estou até pensando em, de repente, ir para a categoria pesada, são várias coisas que eu tenho que pensar junto com o técnico pra ver qual é a melhor opção. Porque se eu não tiver uma parceira boa, que de pra fazer um bom barco, prefiro às vezes remar sozinha, porque não tem muito tempo hábil para uma menina muito nova conseguir um bom desempenho.

O que ainda falta na sua carreira vitoriosa?

Queria um bom resultado nos Jogos Olímpicos, para encerrar a carreira com chave de ouro. Ano que vem é meu último ano, depois vou me aposentar, voltar para Florianópolis, quem sabe ajudar o remo de alguma forma, tenho que aproveitar toda essa experiência que acumulei por esses anos para ajudar, mas ainda não sei como. Até o ano passado tinha uma parceira, Beatriz Tavares, e tinha muito claro que queria conseguir uma final olímpica, achava que era possível, mas agora, que estou sem parceira, está meio longe da minha realidade, infelizmente. Mas a gente nunca treina para perder, sempre para ganhar, então vou continuar treinando e acreditando.

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