Sonhei em technicolor, cinemascope, som dolby stereo, como nos melhores filmes épicos. E nesta minha sessão de cinema passou um filme bonito: o Brasil de Primeiro Mundo. Sonhei que todos os ladrões de colarinho branco haviam se condoído dos menos favorecidos e doado suas fortunas – mal havidas – para as classes miseráveis.

Continua depois da publicidade

Os muito ricos fizeram fila para doar metade dos seus bens à população menos abonada. Acredite ou não: o gesto chegou a tocar o próprio Mahatma Gandhi, de plantão no observatório celestial, lá das arquibancadas do firmamento.

Sonhei que o novo presidente do Brasil era uma unanimidade nacional: não sendo originalmente um político, preparara-se para o posto. Como primeiro-ministro de um novo Parlamentarismo – só fichas-limpas no Parlamento – o chefe de governo se formara em administração pública e execução orçamentária, prestando contas diariamente pelas redes sociais, explicando o gasto e o retorno de cada centavo. “Renda per Capita” em alta, o povo brasileiro nutria plena confiança em suas instituições, depois que a grande reforma política reduzira o número de ministérios para 10 e o de partidos políticos para cinco.

Sonhei com a Floripa que renasceu sem engarrafamentos, sem favelas e sem agressões ambientais.

Sonhei que o mundo estava mais compreensivo e generoso, e que Floripa revivia os seus tempos de província. Convém lembrar que, em meu sonho, corria o ano da graça de 2030 e a Grande Depressão de 2015 era apenas uma lembrança distante e uma importante lição – de como libertar as instituições do breu da corrupção, a partir do ano de 2020, quando se encerrou a Operação Lava-Jato.

Continua depois da publicidade

Machado de Assis, o “pai” da grande literatura brasileira, tornara-se o patrono dos novos tempos, de cuja obra surgira um novo lema. O mestre costumava se valer de um remédio mágico para combater a penúria financeira em tempos de crise. “Ganhava pouco e não gastava muito.” Suas grandes despesas eram imaginativas:

“O reino dos sonhos era a minha casa da moeda”.

Leia mais crônicas de Sérgio da Costa Ramos