Da infância no exílio até a abdicação, o rei espanhol Juan Carlos I foi tanto protagonista da transição espanhola da ditadura para a democracia quanto símbolo da alienação da aristocrática, como no episódio da caçada a elefantes em Botsuana em 2012. Com a crise na Espanha, problemas de saúde e popularidade em baixa, Juan Carlos decidiu se tornar um ex-monarca e dar lugar para que o filho, Felipe, siga a tradição real no país. O Twitter oficial da família real postou nas últimas horas algumas fotos históricas da trajetória do monarca. Imagens de Franco ou das crises recentes ficaram, obviamente, de fora.
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Veja abaixo alguns dos principais momentos da vida do rei:
1948 – Aos 10 anos de vida, morando no exílio com a família, vai a Espanha pela primeira vez. Depois de um encontro entre o general Franco, na época no poder no país, e seu pai, Juan de Borbon, fica combinado que o então príncipe herdeiro receberá uma educação espanhola. A deterioração das relações entre Franco e a família real não impede que o jovem Juan prossiga os estudos.
1969 – É coroado príncipe e designado por Franco como sucessor. O pai, Don Juan, sempre em desavença com o general, aceita que nunca ocupará o trono espanhol.
22 de novembro de 1975 – É proclamado Rei da Espanha dois dias depois da morte de Franco. Como havia sido colocado no poder por Franco, sofre com a desconfiança dos setores de esquerda. Ao mesmo tempo, desagrada parte da direita pelo compromisso em restaurar a ordem democrática. No ano seguinte, articula uma reforma política e, em 1977, um decreto real declara a anistia e são realizadas as primeiras eleições democráticas do país.
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22 de noviembre de 1975: Proclamación de Su Majestad Juan Carlos I como Rey de España pic.twitter.com/p5GMMrvEFK- Casa de S.M. el Rey (@CasaReal) June 2, 2014
1981 – Em rede nacional, Juan Carlos, vestindo o uniforme de comandante das forças armadas, evita um golpe ao ordenar a deposição das armas de um grupo de membros da Guarda Civil que invadiram o Parlamento e diziam atuar em seu nome. Foi um dos momentos de maior prestígio nacional e internacional do rei.
23 de febrero de 1981: Intervención televisada de Su Majestad ante el intento de golpe de estado pic.twitter.com/psLPc8XraF- Casa de S.M. el Rey (@CasaReal) June 2, 2014
2007 – Durante uma reunião no encontro Ibero-americano, no Chile, se irrita com o então presidente da Venezuela Hugo Chávez que atacava duramente o ex-primeiro-ministro espanhol e profere a frase que acabou por se tornar um bordão: “Por qué no te callas? (“Por que não te callas”)
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2012 – Passa por uma cirurgia depois de se machucar em uma viagem para Botswana. Mais tarde se descobre que era uma viagem para caçar elefantes, o que escancara a contradição entre a luxúria da aristocracia e o momento difícil pelo qual passava a economia espanhola. O pior momento do monarca aconteceu possivelmente em 18 de abril de 2012, quando ele deixou o país estupefato ao pronunciar diante das câmeras de televisão um pedido de desculpas histórico: “Sinto muito. Me equivoquei e não voltará a acontecer”.