O secretário da Defesa Civil Estadual de Santa Catarina, Milton Hobus, destaca a importância das ações de registro e resgate histórico da enchente de 1974 em Tubarão. Nesta entrevista, revela impressões sobre a tragédia e diz o que o Estado prevê em investimentos de prevenção para a região Sul.
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Diário Catarinense – Como a Defesa Civil Estadual vê hoje o que foi a enchente de 1974? Há risco de nova enchente no Sul?
Milton Hobus – São momentos distintos. De 1974 para hoje, ou até 10 anos atrás, o Estado não estava preparado para enfrentar grandes concentrações de chuva. Foi um grande desastre, com 199 mortos.
DC – Até hoje não há lista oficial e a dimensão dessa inundação…
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Hobus – Uma das coisas que a gente pode mensurar como mais risco e menos risco de perda de vidas em tragédias é a memória da tragédia. Tubarão não tinha memória de enchente e ela aconteceu de forma muito rápida, sem o devido aviso prévio à população. Hoje o Estado está se preparando, há bastante informação, um serviço de alerta preventivo. Com a instalação do radar meteorológico (Lontras) isso muda completamente as perspectivas.
DC – Como Santa Catarina se prepara?
Hobus – O Estado está se preparando bem, ainda não está pronto para enfrentar esses fenômenos que são costumeiros em Santa Catarina. Tubarão, especificamente, tem necessidade de uma grande obra no rio Tubarão, toda a dragagem, a retificação do rio até a saída do canal. Estamos custeando o projeto executivo e o estudo de conformidade ambiental e licenciamento dessa grande obra. São volumes grandes, entre R$ 250 e R$ 300 milhões para a região Sul. Existe esperança de comprometimento do governo federal.
DC – A população pode fazer a sua parte se prevenindo melhor?
Hobus – Ela vai acabar fazendo. A nossa geração, não simplesmente a partir de 1974. Antes tivemos tragédias importantes também. Isso é secular. E não tínhamos essa cultura de nos auto proteger.
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DC – Ainda não há essa cultura?
Hobus – Ainda falta informação. A partir deste ano, quando o radar entrar em operação (prevista até julho, já que em abril começa a montagem), entra conjuntamente um sistema de monitoramento e alerta acessível ao cidadão, com a estruturação das defesas civis municipais nos 295 municípios. Essa é a diferença de 1974 com o que está acontecendo hoje.
DC – É importante para o Estado ter essa real dimensão de quantas pessoas morreram em 1974?
Hobus – É muito importante sim, justamente nesse momento que vivemos, de busca de conscientização e enfrentamento desses fenômenos naturais que acontecem todos os anos em Santa Catarina, desastres de monta maior ou menor. Estamos numa rota de fenômenos climáticos adversos que vão continuar.
Ele têm poder cada vez maior de destruição. Temos que aprender a nos preparar para enfrentá-los como os Estados Unidos, Japão e outros que passaram a fazer. Existe o problema, temos de aprender a conviver com ele fazendo uso das tecnologias existentes e colocando ela a serviço da proteção do cidadão.
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