Ao Oeste de Joinville, as cadeias de montanhas formam um refúgio perfeito para encarar trilhas e o contato com a natureza. Afinal, o município está próximo à Serra do Mar, que desenha o relevo de quatro Estados brasileiros com picos que chegam a mais de 2.200 metros de altura.

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Embora existam registros históricos de acesso às trilhas na região de Joinville, a formação de grupos de aventuras ainda é recente. A maioria dos praticantes é mais experiente ou de grupos fechados e, por isso, não há muitas informações para trilheiros independentes de primeira viagem.

Serra do Quiriri, Pico do Jurapê, Morro Pelado ou Canta Galo. Há ainda os mais famosos: Castelo dos Bugres e Monte Crista. São várias opções para quem quer encarar uma aventura e escapar do ritmo da vida na cidade. Jeremy Benkendorf trilhou os 940 metros de altitude do Monte Crista pela primeira vez há quase dez anos e, desde então, já perdeu a conta de quantas vezes voltou ao lugar.

Devido à facilidade de acesso a essa trilha, ela se tornou um dos caminhos mais percorridos, principalmente na última década. Entretanto, há registros fotográficos de exploradores na década de 1950 e até relatos mais antigos do período da colonização.

Portanto, há algo a mais que atrai as pessoas para dentro da mata atlântica. Encarar horas de caminhada em rotas que passam dentro de rios, subida de barrancos e em trilhas sem sinalização revelou-se uma atividade física prazerosa, principalmente, por colocar pessoas em contato pleno com o meio ambiente.

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– O crucial para mim foi a questão do respeito à natureza. As pessoas confundem sobre querer acampar e usar os recursos de lá. Essa mentalidade não pode existir mais. Você não está sobrevivendo lá, está indo visitar; não vai fazer fogo ou derrubar árvore. Começamos a entender que é mais fácil levar equipamentos, como o fogareiro. Outra coisa muito importante é de estar lá em grupo. Sempre caminhei muito sozinho e não é a mesma experiência. Em grupo, você está dividindo, auxiliando. Então cresce como pessoa – afirma Benkendorf.

Confira página especial do projeto Joinville que Queremos

Febre dos grupos de corrida conquista Joinville

Com mais interessados em se aventurar entre as montanhas, pequenos grupos de exploradores começaram a se organizar em Joinville. Foi durante uma travessia no Alto Quiriri, em 2010, que o estudante de direito Ramon Krüger e um amigo tiveram a ideia de criar um grupo para compartilhar informações.

Eles decidiram encarar a trilha sem saber exatamente o percurso e as condições. Foram cinco dias debaixo de chuva e sem controle de localização. Depois dessa experiência, surgiu o Cachorro do Mato – um grupo de amigos que atualmente reúne 51 integrantes, entre amadores e experientes. Com as adesões, a meta agora é trabalhar pela evolução dessa prática esportiva na região.

– Nos comparamos com a região de Curitiba. Lá, tem trilhas demarcadas, sinalizadas, com grampos, correntes e melhorias. Nesse ponto, ainda estamos engatinhando. Por isso, temos um projeto de melhoramento das nossas trilhas e dos equipamentos de segurança. Aqui temos uns 70% de lugares ainda nem explorados. A ideia é explorar, sinalizar e divulgar para que isso se desenvolva – afirma Krüger.

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Quatro anos de desafios em diferentes níveis

Mesmo com esses desafios de infraestrutura, Joinville tem trilhas para todos os gostos e níveis de dificuldade, segundo o montanhista Samuel Facchinello. Ele começou as caminhadas com um primo, tios e a mulher em 2011, quando tentaram subir os 970 metros do Morro da Tromba, em Pirabeiraba, mas não chegaram ao topo por causa do despreparo físico.

Depois, encararam a Rota das Cachoeiras, em Corupá, no Norte do Estado, e o Pico do Jurapê, no bairro Vila Nova, em Joinville – neste, foram seis horas de subida e mais quatro de descida.

Apesar de desafiador, Facchinello vê o montanhismo como um esporte acessível. É recomendado iniciar com uma mochila pequena, para carregar água e alimentos, e botas apropriadas – tênis não são adequados, pois têm a sola lisa. Conforme a experiência aumenta, o praticante pode investir em mais equipamentos, roupas técnicas, GPS e ferramentas de segurança.

– Acredito que o motivo de as pessoas procurarem esse esporte é para sair do estresse do dia a dia. Cada vez cresce o número de pessoas pedindo informações ou para nos acompanhar nas trilhas. Sempre tento passar o maior número de informações para que diminua o risco de acontecer qualquer coisa, como ficar perdido, por exemplo. – diz Facchinello.

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Para compartilhar as informações sobre as trilhas de forma gratuita, os integrantes do Cachorro do Mato publicam as informações no site Wikiloc, que oferece também o aplicativo para celular.

O grupo usa essa plataforma para compartilhar as rotas, mas orienta aos iniciantes a não enfrentar trilhas sozinhos, pois há riscos. Há um calendário com trilhas programadas para participantes sem experiência, a um baixo custo, destinado ao deslocamento e permanência nos locais.