A essa altura, todo mundo já reparou que a política catarinense se mudou para o Sul do Estado no final de semana que passou. Da operação da Polícia Federal que investiga supostos crimes na campanha eleitoral da deputada estadual licenciada e secretária Ada de Luca (PMDB) em 2014 ao lançamento da pré-candidatura de João Rodrigues (PSD) ao governo em 2018, em Braço do Norte, a região virou o epicentro do poder estadual.

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Tanta agitação acabou ofuscando um pouco a última etapa do projeto “15 em Movimento”, que levou as principais lideranças do PMDB a percorrer ao Estado ao longo do ano e que se encerrou justamente em Criciúma. A série de visitas é, até agora, o principal combustível à pré-candidatura de Mauro Mariani – especialmente depois de ele receber o apoio público do vice-governador Eduardo Pinho Moreira, em julho deste ano. Como o senador Dário Berger já apoiava Mariani, o deputado federal passou a contar com a quase unanimidade entre as principais lideranças da legenda.

Restou o prefeito joinvilense Udo Döhler, ainda discreto em suas movimentações, mas apontado dentro e fora do partido como última esperança de quem quer manter a aliança entre PMDB e PSD por mais uma eleição. Em Cricíuma, Mariani pela primeira vez mandou um recado claro, embora não citasse nomes, a esse jogo de bastidores. Em relato registrado pelo atento jornalista Adelor Lessa, o peemedebista disse que até poderia abrir mão da candidatura em nome de Dário ou Pinho Moreira, “menos para aquele que não faz partido, que não corre o Estado, que é canela de vidro, que não entra em campo para disputar a bola”. A referência não poderia ser mais clara, dada a resistência do prefeito joinvilense a entrar em uma disputa aberta com o parlamentar.

Pela frase, Mariani parece disposto a encarar com firmeza os movimentos para sabotar sua candidatura. As diferenças com Döhler não são recentes e ele sempre foi visto pelos aliados do parlamentar como uma sombra à espreita. Na eleição de 2016, quando o joinvilense foi reeleito prefeito, Mariani pouco se engajou, embora compartilhe a mesmo domicílio eleitoral. Ao mesmo tempo, Döhler não fez questão nenhuma de tê-lo no palanque – seja eletrônico ou presencial. Resta saber se a provocação ao “canela de vidro” traz ou afasta Döhler do jogo da sucessão.

Recado de eleitor

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Na página @upiaraboschi no Facebook, o leitor Rodrigo Silveira disse que “o candidato que tiver coragem de acabar com as Regionais, enxugar o Estado, privatizar a Celesc (caixa preta) e abrir o capital da Casan (tal qual Sabesp)” ganhará não só seu voto, mas também sua disposição para fazer campanha. Acredita que nenhum dos nomes colocados no cenário pré-eleitoral terá coragem para defender essa plataforma. Será?