Muito se tem discutido, na história literária, sobre os gêneros. Diversos críticos e historiadores da arte debruçaram-se sobre suas origens e estruturas linguísticas. André Jolles, em 1928, em seu livro As Formas Simples, pôs um ponto final nas origens dos gêneros: todos nascem das formas simples, de uma linguagem cristalizada coletiva. Assim, o conto, a novela, o romance, a poesia, o teatro etc. se originaram das formas simples, precisamente do folclore – mitos, legendas, casos, fábulas…
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Mas, para o escritor, o que é o gênero literário? É um veículo de expressão. Cada autor escolhe seu veículo para expressar seus sentimentos e ideias. Simplificando: se o leitor quiser ir a outra cidade, digamos Curitiba, ele pode escolher como ir – a pé, como um andarilho, de carro, de avião ou de ônibus… Assim, os gêneros. Cada autor escolhe um para expressar sua arte. Posso escolher a poesia, a crônica, o conto, a novela, o romance…
Quando se avalia a qualidade literária, não se leva muito em conta o gênero escolhido, mas o que ele expressou e como expressou, e se o que foi escrito tem valor universal. Acontece, porém, que cada autor, escolhendo um gênero, deve procurar dominar a linguagem e a estrutura dele. Por isso vamos encontrar os mestres em cada gênero. Maupassant e Tchekhov, no conto; Cervantes, na novela; Thomas Mann e Guimarães Rosa, no romance; Shakespeare e Drummond de Andrade, na poesia; Rubem Braga e Machado de Assis, na crônica – só para citar alguns.
O termo “literatura” é recente, definiu-se na segunda metade do século 18, contemporaneamente à Revolução Industrial. Para mim, entretanto, literatura está ligada à imaginação. Como já disse Albert Einstein, “é a imaginação que toca o mundo”. Literatura é imaginação e conhecimento, mas a imaginação [entenda-se “criatividade”] é mais importante. Por isso, a literatura é maior do que a história, do que a bagagem, do que as feridas emocionais do passado.
O que falta aos autores novos? Resposta rápida: desenvolvimento da imaginação e a busca constante e frenética do conhecimento. Recomenda-se a leitura dos grandes mestres e percepção sobre o mundo de hoje. Não é fácil esse caminho. Exige esforço de Hércules. Na criação literária, não se chega ao topo num jogo rápido, é preciso dom, determinação e conhecimento. Mas se permite ao escritor cometer quantas besteiras desejar, desde que vá melhorando dia a dia, sem medo de ter cometido enganos ou de vir a cometê-los. É uma jornada sem fim. Escolha o seu gênero e procure melhorar sempre. Lembre-se: o gênero é apenas um veículo…
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