A bengala usada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na quinta-feira, em seu primeiro discurso público desde que começou o tratamento contra um câncer de laringe, diagnosticado em outubro do ano passado, virou motivo de especulações sobre seu estado de saúde.

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Segundo a assessoria de Lula, a bengala serve apenas para dar segurança ao ex-presidente, que perdeu 18 quilos e força muscular durante o tratamento. Para o oncologista Rui Fernando Weschenfelder, do Centro de Oncologia do Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre, o quadro é “absolutamente normal”.

– O que se vê é um paciente em recuperação. Não é incomum que pacientes com câncer de laringe tenham dificuldades para se alimentar por conta de inflamações na boca e no esôfago, o que resulta em perda de peso e enfraquecimento muscular – explica o médico.

A maioria dos pacientes recupera plenamente o peso e pode retornar às suas atividades normalmente após a reabilitação, segundo o especialista.

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Os cabelos brancos do ex-presidente também resultam da luta contra o câncer. É comum o branqueamento dos fios que começam a crescer após o término das sessões de quimioterapia, devido ao efeito dos remédios nos folículos capilares. O nome técnico desse processo é canície.

Em abril, a assessoria de Lula informou que o ex-presidente teve inflamação na garganta, desenvolveu mucosite (inflamação na mucosa) e passou a ter dificuldades de deglutição e salivação, além de ficar com a voz rouca. O ex-presidente faz sessões de fonoaudiologia desde janeiro, a fim de restabelecer a voz para enfrentar a agenda política que pretende cumprir durante a campanha eleitoral que se aproxima.

Entenda o tratamento

O oncologista Weschenfelder explica o passo a passo do tratamento do câncer de laringe:

1ª etapa: diagnóstico

O diagnóstico do câncer de laringe é feito por meio de biópsia. Num segundo momento, é feita uma análise da extensão da doença para outros órgãos, por meio de laringoscopia, endoscopia, raio-X e exames de imagem, como tomografia computadorizada e ressonância magnética. No caso de Lula, outro recurso utilizado nesta etapa foi o PET Scan, um exame de alta precisão que permite detectar focos de tumores.

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2ª etapa: quimioterapia

Identificado o tamanho e a extensão do tumor, começa o tratamento quimioterápico, com três remédios. Os medicamentos são aplicados em três ciclos, com intervalo de 21 dias entre cada um. É quando ocorre a queda de cabelo. Geralmente, em um mês de tratamento o paciente fica calvo, depois os fios voltam a crescer descoloridos, pelo efeito dos remédios nos folículos capilares.

3ª etapa: reavaliação

Terminada a quimioterapia, são refeitos os exames iniciais para avaliar a regressão da doença e a continuidade do tratamento.

4ª etapa: radioterapia

Normalmente, dura de cinco a sete semanas, com sessões diárias, de segunda a sexta-feira.

5ª etapa: reavaliação

Como os efeitos da radioterapia perduram por cerca de um mês a até 45 dias, depois de dois meses são feitos novos exames para verificar se o tumor foi eliminado do organismo.

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6ª etapa: reabilitação

É a etapa em que se encontra o ex-presidente Lula, quando começam as atividades de reabilitação, como fisioterapia e fonoaudiologia. A partir daí, o paciente começa a restabelecer suas condições anteriores de peso e mobilidade, até retornar às atividades cotidianas.