Uma sucuri-verde (Eunectes murinus) que estava grávida morreu e teve cerca de 40 filhotes expelidos da barriga ao ser atropelada em Porto dos Gaúchos, na MT-338, no Mato Grosso, na última segunda-feira (6). O animal tinha cerca de 5 metros de comprimento, segundo informações do g1.

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Imagens publicadas nas redes sociais mostram a sucuri morta no meio da estrada ao lado de dezenas de filhotes, que também não sobreviveram. Veja a seguir o que se sabe sobre o caso.

Veja o vídeo

Como é a gestação da sucuri

De acordo com Henrique, o sistema reprodutivo da sucuri-verde é vivíparo, pois ela desenvolve os filhotes dentro do corpo, em vez de botar ovos, como acontece com outras espécies. No caso da cobra do vídeo, ela estava na reta final da gestação e prestes a parir os filhotes.

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Mesmo a quantidade de cria sendo expressiva, o biólogo contou que, geralmente, apenas cerca de 5% dos filhotes sobrevivem até a idade adulta, já que muitos se tornam presas de outros animais e já nascem mortos.

— Se eles tivessem um pouco mais de tempo, eles poderiam ter sobrevivido. Mesmo ela tendo morrido, eles poderiam ter saído vivos. Com muita sorte, um ou outro poderia sobreviver, mas seria uma chance muito pequena — contextualizou.

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Por que a sucuri-verde é uma espécie peculiar

A sucuri-verde (Eunectes murinus) é considerada a serpente mais pesada do mundo, podendo ultrapassar os 100 kg. Outro fato curioso é que durante o período reprodutivo, a sucuri-verde fêmea pode ficar até duas vezes maior que o macho.

Em alguns casos, a fêmea também escolhe qual deles vai servir como refeição. Segundo o biólogo, durante o “bolo reprodutivo”, vários machos se aproximam da fêmea, devido ao feromônio, substância química que permite a comunicação entre indivíduos da mesma espécie.

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— O ‘bolo reprodutivo’ é quando vários machos entram na disputa pela fêmea. Na hora, ela só copula com o qual ela decidir, podendo ser mais de um, e esporadicamente, ela pode escolher um macho para ser devorado — explicou.

O acasalamento costuma ocorrer entre os meses de abril e maio, já período de gestação dura entre seis e sete meses. De acordo com Henrique, já teve casos em que a gestação de uma sucuri durou 10 meses.

Atropelamento de cobra é comum

O biólogo Henrique Abrahão Charles contou ao g1 que esse tipo de acidente é comum de ser registrado no estado, já que esses animais dependem de fontes externas de calor para regular a temperatura corporal e muitas vezes buscam se aquecer às margens de estradas.

— Elas costumam procurar áreas aquecidas, como a beira de estradas, para aumentar o metabolismo, principalmente após se alimentarem e aí o carro acaba passando em cima — declarou.

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Além de buscas se aquecer às margens das estradas, muitas vezes a espécie precisa cruzar rodovias para acessar habitats ou fontes de alimento, aumentando o risco de acidentes.

O impacto desses atropelamentos vai além das perdas individuais. No caso das serpentes, o biólogo explicou que a ausência de uma única cobra adulta ao longo de 20 anos pode evitar o controle natural de até 1 milhão de roedores, desequilibrando toda a cadeia ecológica local, segundo um cálculo linear feito pelo biólogo Henrique.

Desequilíbrio ambiental

Henrique disse ainda que o atropelamento de animais silvestres em rodovias de Mato Grosso evidencia um grave desequilíbrio ambiental causado pela falta de infraestrutura adequada para proteger a fauna local. De acordo com ele, milhões de animais, como cobras, lagartos, pássaros e até grandes mamíferos, são mortos anualmente em estradas que atravessam áreas naturais.

— Essas rodovias de Mato Grosso não estão preparadas para conter a movimentação dos animais, o que resulta em tragédias diárias, incluindo a morte de espécies ameaçadas de extinção, como a onça-pintada — alertou.

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