A polícia ainda busca entender os detalhes do desaparecimento de uma adolescente de 17 anos, natural de Chapecó, no Oeste catarinense, que foi encontrada na segunda-feira (3) próximo a fronteira do Uruguai. Um homem, de 35 anos, que estava com ela, foi preso por suspeita de aliciá-la. A investigação trabalha nas tratativas de trazer os dois para Santa Catarina nos próximos dias. As informações são do g1 SC.

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Além das circunstâncias do desaparecimento, a polícia também tenta entender se a morte do pai da menina teria ligação com o sumiço. O inquérito segue conduzido pela Delegacia de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso (Dpcami) de Chapecó.

Morte de pai de adolescente encontrada perto do Uruguai pode ter relação com sumiço, diz polícia

Veja o que se sabe e o que falta esclarecer sobre o caso:

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Quando ocorreu o desaparecimento?

A menina foi vista pela última vez em Chapecó em 21 de maio.

Como teve início a investigação?

Em um primeiro momento, a polícia começou a investigar a morte do pai da jovem, que morreu em 7 de maio. Dias depois, um parente procurou a delegacia por desconfiar que o óbito não ocorreu por causas naturais, mas sim por algum tipo de violência.

— No decorrer da investigação [sobre a morte do pai], apurou-se que a [nome da adolescente] estava se relacionando com um homem de 35 anos, estava tendo contato com esse homem — afirma a delegada responsável pela investigação, Lisiane Junges, da Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (DPCami) de Chapecó.

Foi durante essa investigação que o homem e a adolescente teriam saído de Chapecó. A suspeita, segundo a delegada, é que o sumiço e a morte tenham ligação entre si, mas isso só será confirmado no término do inquérito.

Para checar com precisão a causa da morte do pai da adolescente, um exame de exumação foi solicitado cerca de 20 dias após o óbito. O resultado, no entanto, ainda não foi divulgado.

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— Essa etapa da investigação [do óbito] está adiantada em relação à época da exumação, mas nós ainda não concluímos e por isso nós não vamos expor todos os detalhes. Mas tem a ver sim — explica.

De que forma eles se conheceram?

Conforme a delegada, os dois se conheceram antes da morte do pai da adolescente. O homem teria convencido a vítima a ir com embora com ele e, portanto, não houve sequestro.

— Essa aproximação foi virtual. Esse homem age dessa maneira, cooptando adolescentes por meio de redes sociais e outros canais, e foi assim que a adolescente o conheceu — conta a delegada.

A informação inicial é de que o homem saiu de Chapecó em 20 de maio, enquanto a jovem deixou a cidade no dia seguinte.

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Para onde eles foram?

A investigação aponta que, após deixar a cidade, os dois passaram por municípios gaúchos como Erechim, Santa Maria e Santana do Livramento. Já em 8 de junho, os dois entraram no Uruguai.

— A partir de então, a investigação entra numa nova etapa, agora com a necessidade de um trato internacional. A equipe da DPCami encaminhou o que a gente chama de ‘red notice’, difusão vermelha, que é validar o mandado de prisão que nós já tínhamos conseguido aqui em Chapecó para que esse homem pudesse ser preso fora do Brasil e, com o auxílio da Interpol brasileira e uruguaia, nós iniciamos as diligências de Rivera até a cidade de Tacuarembó, onde eles estavam escondidos — diz a delegada.

Como eles foram encontrados?

O homem e o adolescente retornaram a Santana do Livramento nos últimos dias. A Brigada Militar gaúcha, em contato com as polícias Civil e Federal, fizeram a prisão dele.

De acordo com a delegada, a adolescente recebeu atendimento médico e, agora, a polícia faz as tratativas para trazê-la, junto com o homem, para Chapecó. Enquanto estiver na cidade gaúcha, ela estará aos cuidados do Conselho Tutelar do município.

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Por qual crime o homem responde?

O homem foi preso preventivamente por “produzir e comercializar e divulgar material sexual infanto-juvenil”, crimes previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Segundo a delegada, ele já tinha passagens por situações semelhantes.

— Ele é natural de Porto Alegre, já morou em vários estados onde, embora não haja uma apuração nossa nesse sentido, há situações semelhantes com a que aconteceu com a adolescente de Chapecó. Essa investigação vai se expandir seguramente, para muito além da adolescente. Há informação de outras meninas menores de 18 anos que se aproximaram desse autor e tiveram algum prejuízo. O foco que foi dado [neste momento] foi visando a localização da adolescente de Chapecó e a prisão desse autor para que a gente assegurasse as condições para dar continuidade às investigações de uma forma mais segura — diz Junges.

Ainda de acordo com a polícia, a adolescente, além de vítima, também será investigada por compartilhar material de natureza sexual infanto-juvenil.

A família da jovem se manifestou?

Sim. De acordo com Claudio Antônio Antunes da Rocha, advogado da família, eles expressaram gratidão com o trabalho da investigação.

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— Objetivo maior era encontrá-la viva — resume.

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