Três pessoas morreram e outras seis ficaram feridas ao serem baleadas em uma ataque a um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Tremembé, no interior de São Paulo, na noite de sexta-feira (10). O homem que teria chefiado os ataques foi preso e a polícia buscas por outros envolvidos.

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Entenda o que aconteceu

O ataque aconteceu na zona rural de Tremembé, por volta das 23h, no assentamento Olga Benário, que fica na Estrada Kanegae. O caso foi registrado na delegacia de plantão em Taubaté e é investigado pela Polícia Civil de Tremembé como homicídio e tentativa de homicídio.

De acordo com o relato de testemunhas, cinco carros e três motos teriam invadido o local durante a noite disparando contra os moradores do local.

Valdir do Nascimento de Jesus, de 52 anos, e Gleison Barbosa de Carvalho, de 28 anos, morreram no local. Já Denis Carvalho, de 29 anos, chegou a ser hospitalizado em estado grave, mas também não resistiu.

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Além disso, outros seis moradores, sendo três homens e três mulheres, ficaram feridos no ataque. Eles foram encaminhados para o Hospital Regional de Taubaté e para o pronto-socorro de Tremembé. Não há informações sobre o estado de saúde dos feridos.

O assentamento é regularizado pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) há cerca de 20 anos para o Movimento dos Sem Terra e segundo a assessoria do MST, cerca de 45 famílias vivem no local.

Ministério da Justiça pede que Polícia Federal investigue caso

O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) determinou que a Polícia Federal (PF) instaure um inquérito para investigar o ataque no assentamento. Um ofício foi enviado na tarde deste sábado, em que o ministro em exercício, Manoel Carlos de Almeida Neto cita “violação aos direitos humanos das famílias que fazem parte do assentamento”.

O ministério afirmou ainda que uma equipe da Polícia Federal, composta por agentes, perito e papiloscopista, foi até o assentamento neste sábado e já iniciou as investigações.

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Chefe do ataque em assentamento do MST é preso

Segundo a Polícia Civil, um homem que suspeito de envolvimento o ataque ao assentamento do MST em Tremembé foi preso neste sábado. O delegado seccional de Taubaté, Marcos Ricardo Parra ,afirmou que o homem preso tem 41 anos e teria sido o chefe do ataque.

Como os criminosos não cobriram o rosto na ação, a polícia teria conseguido chegar até o homem, segundo o delegado. O suspeito seria conhecido na comunidade e foi identificado por vítimas que estão hospitalizadas e por testemunhas que presenciaram o crime.

Ele foi detido e na delegacia confessou a participação na ação. Agora, a polícia procura por outros envolvidos no ataque que tenham agido em conjunto com ele. Não há uma estimativa de quantas pessoas estão envolvidas.

— Ele confessou o crime. Não só confessou, como ele está indicando onde podem ser encontradas as demais pessoas (que participaram do ataque). Além de confessar o crime, ele foi reconhecido por algumas das vítimas e testemunhas. A gente trabalha na condição de certeza da participação dele — afirmou o delegado seccional Marcos Ricardo Parra.

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O motivo do ataque ainda é investigado, mas possui relação com uma disputa por um lote do assentamento, aponta o delegado.

— Com o assentamento fechado que é, eles têm ali um entendimento de existir concordância para a admissão de pessoas novas no local. Até onde a gente apurou, essa concordância não teria acontecido nessa comercialização do terreno — afirma.

— O homem e seu grupo estariam lá para, num primeiro momento, intimidar, mas, como não intimidou e aconteceu, na verdade, uma repulsa da presença deles lá, a gente tem o nascimento de um confronto envolvendo arma branca e arma de fogo e levou a gente para esse resultado trágico de várias mortes e várias pessoas lesionadas — complementa.

Ainda não se sabe se o homem preso queria adquirir o terreno ou se estava fazendo a negociação para um terceiro, mas o delegado confirmou que o atrito foi iniciado por conta de um lote.

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— A motivação foi o problema interno de pessoas do próprio assentamento, entre elas, ou seja, sem nenhuma conotação com invasão ou proteção de terra. Foi uma cobrança de posição em relação à permissão de negociar o terreno ou não. A gente não conseguiu, até agora, entender se ele era o adquirente ou se ele era o intermediário. Seja como for, ele estava lá para modificar o pensamento dos demais”, disse Parra.

Armas brancas, como foices e facas, e armas de fogo, além de um carro, foram apreendidos e passarão por perícia para identificar digitais dos criminosos. A área do assentamento teve policiamento reforçado.

*Com informações de g1

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