O conflito na aldeia indígena Kondá, em Chapecó, que deixou uma pessoa morta, feridos e casas destruídas no domingo (16), teria relação com a disputa de poder que já dura mais de 30 dias. A informação é da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), que aponta o envolvimento de opositores do atual cacique. Confira abaixo o que se sabe e o que falta saber sobre o conflito.
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Quando aconteceu o conflito?
A Polícia Militar (PM) foi chamada por volta das 8h de domingo (16) em uma primeira ocorrência.
O que aconteceu?
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Segundo a PM, no local ocorria uma festa e indígenas de um grupo opositor ao atual cacique teriam ido até o espaço e uma briga generalizada teria começado. Mais tarde, houve um novo confronto e novamente as autoridades foram chamadas. Durante a briga generalizada, foram registradas diversas formas de agressão, entre socos, pontapés, pedradas e arma de fogo, informou o Corpo de Bombeiros Militar. Casas e carros foram incendiados.
Quem era o homem que morreu?
Aziel Floriano, de 21 anos, acabou morrendo durante a briga.
O que diz a mãe do homem que morreu no conflito?
A mãe do jovem morto no conflito se mostrou revoltada com a situação:
— Índio se matando? Eles não são índios. Por que eles tinham arma? Índio tem arma? Que eu saiba, os brancos que têm arma. Eu sei que meu filho não vai voltar. Eles vão ter tudo ali, eles vão ter os filhos deles perto deles, e eu não — disse Andreia Matos.
Quantas pessoas ficaram feridas no conflito?
Dois feridos foram levados ao hospital e 11 pessoas foram atendidas na aldeia com ferimentos na cabeça, rosto e pernas, informou o Corpo de Bombeiros.
Por que houve o conflito?
Segundo a Funai, o conflito tem a ver com uma disputa de poder que dura mais de 30 dias. Coordenador regional do órgão, Adroaldo Antônio Fidelid disse que o caso envolve opositores do atual cacique. Ainda de acordo com a Funai, a aldeia vive um conflito interno. Desde 2018, são realizadas eleições diretas para a escolha do cacique.
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O que diz o atual cacique?
Efésio Siqueira é o atual cacique. Ele afirmou que a oposição não reconhece o resultado das eleições do ano passado.
— O que está acontecendo mesmo é que eles querem tomar o poder, que tenho dois anos ainda para cumprir. Daqui a dois anos, vai ter uma eleição de novo. É isso que eu quero que cumpra. E que a Justiça olhe para esses lados. O mais breve possível que os autores desse crime sejam… que a justiça seja feita para essas pessoas — declarou Efésio.
O que diz a oposição?
Edson Rodrigues é um dos líderes de oposição. Ele afirmou que, desde quinta (13), o grupo de oposição vem sofrendo ameaças de expulsão da aldeia.
— No momento antes de acontecer, na quinta-feira à noite, pelas redes sociais e WhatsApp, já estava tendo essa discussão, esse conflito, intimidando o pessoal — disse Edson.
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Pessoas fugiram da aldeia?
Após o conflito, dezenas de crianças, adultos e idosos fugiram da aldeia e foram acolhidos no Ginásio Municipal Ivo Silveira, em Chapecó. No espaço, eles receberam colchões, roupas e cobertores, além de alimentação. Até esta terça, 300 indígenas estavam abrigados no ginásio.
O conflito e a morte são investigados?
Sim. A Polícia Federal (PF) abriu um inquérito. Questionada, a corporação afirmou que não vai se manifestar para não prejudicar as investigações.
O que diz o MPF?
O Ministério Público Federal (MPF) em Santa Catarina pediu que a Força Nacional de Segurança vá até a aldeia. A recomendação é para que policiais instalem uma base e evitem retaliações e o aumento do conflito. O MPF deu o prazo de 48 horas, a partir do recebimento do documento, para que o secretário Carlos Renato Machado Paim comunique se pretende acatar a recomendação, que foi enviada no domingo. Às 14h56 desta terça, o MP informou que não havia recebido uma resposta ainda. Afirmou também que deve se reunir ainda neste terça com a Secretaria de Segurança do Estado para tratar da questão.
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