O empresário Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, investigado por envolvimento com uma facção criminosa, foi morto na sexta-feira (8), à luz do dia, no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. Em março, ele fechou um acordo de delação premiada com o Ministério Público de São Paulo (MPSP) para delatar crimes da organização e de policiais.

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Até agora, ninguém foi preso. Além do empresário, no ataque, Celso Araujo Sampaio de Novais, de 41 anos, foi atingido nas costas por um tiro de fuzil e morreu.

O atentado deixou outras três pessoas feridas. Uma delas, uma mulher de 28 anos, foi liberada após atendimento médico. Dois homens, de 39 e 41 anos, no entanto, seguem internados no Hospital Geral de Guarulhos. Um deles foi levado para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), e o outro segue em observação.

Quem era o empresário

Antônio Vinicius Lopes Gritzbach tinha 38 anos e era corretor de imóveis em Tatuapé, na Zona Leste de São Paulo. Segundo o MPSP, ele teria atuado para lavar cerca de R$ 30 milhões em dinheiro do tráfico de drogas. Gritzbach fazia negócios com Anselmo Bicheli Santa Fausta, que comprava e vendia drogas e armas para a facção criminosa.

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Santa Fausta e o motorista dele, Antônio Corona Neto, foram assassinados, e Gritzbach passou a ser investigado como responsável pelas mortes. Em março, ele fechou um acordo de delação premiada com o MP, para entregar esquemas de lavagem de dinheiro da facção e crimes cometidos por policiais.

Entre as delações, o empresário acusou um delegado do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de exigir dinheiro para não acusar o envolvimento de Gritzbach no assassinato de Anselmo Bicheli Santa Fausta. O empresário também deu informações que levaram à prisão de dois policiais civis do Departamento de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc).

Como e onde Gritzbach foi morto

O empresário e a namorada dele estavam no Aeroporto de Guarulhos, voltando de uma viagem em Maceió (AL). Neste domingo (10), eles viajariam para Vitória (ES).

Ao chegarem na área de desembarque do Terminal 2, no entanto, Gritzbach foi executado, por volta das 16h. Imagens de câmeras de segurança mostram o empresário carregando uma mala na área externa, quando dois homens encapuzados descem de um carro preto e fazem ao menos 29 disparos.

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Numa tentativa de fugir, o empresário pula a mureta que divide a via, porém cai em seguida. Segundo o Departamento de Homicídios da Polícia Civil de São Paulo, ele foi atingido por 10 tiros. Quatro disparos atingiram o braço direito, dois no rosto, um nas costas, um na perna esquerda, um no tórax e um no flanco direito, entre a cintura e a costela.

Escolta oficial e segurança privada

Informações obtidas pela TV Globo mostram que Gritzbach chegou a pedir ao MP mais segurança. Ele teria dito que o empresário mostraria contratos, comprovante de pagamentos e outros documentos que poderiam colaborar nas investigações. Em contraponto, no entanto, ele diz que “precisava de um amparo de vocês também do que eu vou ter. Se não, vocês estão falando com um morto-vivo aqui”.

O MP, no entanto, diz que Gritzbach recusou ofertas de segurança feitas a ele. O empresário havia contrato seguranças particulares, os policiais militares Leandro Ortiz, Adolfo Oliveira Chagas, Jefferson Silva Marques de Sousa e Romarks César Ferreira de Lima. A escolta, no entanto, não estava com ele no momento do atentado.

Em depoimento à Polícia Civil, os policiais disseram que um problema com um dos carros impediu que a escolta chegasse ao aeroporto antes da execução. Eles se dividiam em dois carros e foram acionados para buscar o empresário e a namorada no terminal.

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Investigadores, no entanto, desconfiam da versão contada pelos policiais. O Departamento de Homicídios trabalha com uma hipótese de que a falha foi proposital.

Prisões e apreensões

Até este domingo (10), ninguém foi preso pelo crime. Carros usados pela escolta da vítima e um terceiro, usado pelos atiradores, foram apreendidos. Celulares dos policiais e da namorada do empresário também serão periciados.

No sábado (9), a Polícia Civil encontrou um fuzil e uma pistola próximo ao local onde os atiradores abandonaram o carro, a cerca de 7 quilômetros do aeroporto. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse serem as armas usadas no crime.

Investigação

A Polícia Federal também deve investigar o caso, por ordem do Palácio do Planalto. A avaliação é que o suposto envolvimento de uma facção e de agentes públicos, além do crime ter sido no aeroporto mais movimentado do país, em plena luz do dia, demandam investigação federal.

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O inquérito será conduzido por uma equipe de fora de São Paulo. Uma das suspeitas é de que o empresário possa ter sido executado por ordem e com envolvimento de agentes de segurança, e não necessariamente por ordem da facção criminosa.

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