O ano era 2020, e o mundo ainda tentava entender os desafios que o coronavírus traria para a população, enquanto a Covid-19 se espalhava por cada canto. No dia 17 de março daquele ano, Santa Catarina contava com sete casos confirmados da doença e mais de 200 suspeitos. Foi com esse cenário que o Estado decretou situação de emergência por conta da doença e restringiu uma série de atividades para diminuir o contágio. No dia seguinte, ruas amanheceram vazias com o fechamento de comércios e a suspensão do transporte público.

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O decreto nº 515, assinado pelo então governador Carlos Moisés (Republicanos), ordenou a suspensão da circulação de veículos de transporte coletivo, atividades de restaurantes e comércios e das aulas nas redes pública e privada. Com o passar dos meses e a mudanças no cenário, as medidas foram alteradas.

Pandemia de Covid-19 deve terminar ainda em 2023, alertam especialistas

Três anos depois, o cenário é diferente. Com o avanço da vacinação, o número de casos de doença — que chegou a ter recordes de mortes por conta da infecção — diminuiu. De acordo com dados da Secretaria de Estado de Saúde, até esta sexta-feira (17), 1.996.739 casos foram confirmados com 22.709 mortes. Além disso, 2.505 seguem em tratamento da doença.

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Para especialistas, os últimos anos trouxeram diferentes aprendizados ao Estado, principalmente no que diz respeito a saúde pública. Porém, em outros pontos, faltaram medidas que poderiam ter contribuído para um maior controle da Covid-19.

A dimensão de uma pandemia

Para o médico infectologista Tarcisio Crocomo, a pandemia mostrou o quanto uma doença transmissível pode afetar o dia a dia das pessoas e a importância de ficar atento a possibilidade da chegada de novos vírus.

— Apesar da pandemia de 2009 da H1N1, que foi de conhecimento de todos, essa atual foi muito mais grave mostrando esses efeitos deletérios numa intensidade muito maior. Por isso é importante a ação responsável dos humanos com o ambiente, pois existe essa relação com a possibilidade de vírus que circulam entre animais e acometerem humanos e, a partir daí, humanos transmitirem para seus pares, residindo aí o risco de iniciar um surto com maior possibilidade de se tornar pandêmico — pontua.

A epidemiologista e presidente da Comissão de Monitoramento Epidemiológico da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Alexandra Boing, salienta quem, apesar disso, os governos perderam a oportunidade de aumentar a vigilância sobre o assunto.

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— Perdemos a oportunidade de melhorar e qualificar nossos registros, nossas equipes de vigilância, nossa comunicação junto à população, inclusive combatendo fake news, não avançamos em estratégias de vacinação e de melhoria da qualidade do ar/ventilação nos ambientes — explica.

O poder da ciência e a importância do SUS e dos profissionais da saúde

Outro ponto apontado pelos especialistas é de que a Covid-19 também mostrou a importância da ciência. Um dos maiores exemplos esta na vacinação, já que com ela foi possível controlar a doença, principalmente as formas mais graves.

A pandemia também ressaltou a importância do Sistema Único de Saúde (SUS) e do trabalho dos profissionais de saúde no atendimento dos pacientes, principalmente nos momentos de maiores dificuldade.

— O SUS com sua capilaridade conseguiu realizar tão nobre tarefa pelos seus colaboradores incansáveis na proteção a população, mesmo com as suas conhecidas dificuldades — destaca o infectologista Tarcisio Crocomo.

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Vacinação continua sendo o melhor caminho

Após dois anos, a pergunta que ainda fica é quando a pandemia vai, de fato, acabar. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a queda no número de internações e o aumento na cobertura vacinal podem influenciar para que o cenário epidêmico termine ainda em 2023. Apesar disso, especialistas apontam que a imunização continua sendo a melhor forma de combate.

— Manter o calendário vacinal em dia. Não só contra a Covid, mas de todas as doenças que podem ser prevenidas por imunização, haja vista a queda de aderência as vacinas nos últimos tempos e reaparecimento de doenças anteriormente controladas — explica o infectologista Tarcisio Crocomo.

De acordo com a Diretoria de Vigilância Epidemiológica do Estado (Dive), a vacinação evitou milhares de casos graves e óbitos. O impacto foi confirmado com a chegada das novas variantes em Santa Catarina, quando o Estado registrou estes números menores do que os apresentados no início da pandemia. 

Para o órgão, a transparência dos dados aliado a políticas públicas baseadas na ciência trouxeram um melhor desempenho para o sistema de saúde catarinense, o que motivou a “estruturação e fortalecimento de hospitais e unidades de saúde no processo de diagnóstico clínico e emergencial”.

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Mesmo frente à sobrecarga dos sistemas de saúde, o desafio da comunicação, de acordo com a Dive, foi fortalecer as informações oficiais e precisas em um esforço conjunto de órgãos e entidades, na também desmistificação das fake news relacionadas à doença.

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