Os “kids pretos”, termo que veio à tona após a Polícia Federal (PF) prender cinco pessoas suspeitas de planejar um golpe de Estado e a morte de Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes, são militares da ativa ou da reserva, especialistas em operações especiais. Até o ano passado, os “kids pretos”, também chamados de Forças Especiais (FE), tinham um efetivo de aproximadamente 2,5 mil militares, de acordo com o Exército, que confirmou no ano passado ao g1 a existência das tropas, que operam desde 1957.
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A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta terça-feira (19) uma operação que resultou na prisão de quatro militares do Exército ligados às FE, ou seja, “kids pretos”. Eles são suspeitos de planejar um golpe de Estado após as eleições de 2022 para impedir a posse do presidente Lula, do vice Geraldo Alckmin e restringir a atuação do Poder Judiciário.
PF prende militares e policial por planejar golpe e execução de Lula, Alckmin e Moraes em 2022
Os mandados cumpridos no Rio de Janeiro, Goiás, Amazonas e Distrito Federal prenderam o general de brigada Mario Fernandes, que estava na reserva, o tenente-coronel Helio Ferreira Lima, major Rodrigo Bezerra Azevedo e o major Rafael Martins de Oliveira. Além dos militares do Exército, um policial federal também foi preso, o agente Wladimir Matos Soares.
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O plano
De acordo com a PF, o grupo tinha um “detalhado planejamento operacional, denominado ‘Punhal Verde e Amarelho’, que seria executado no dia 15 de dezembro de 2022”, para matar o presidente Lula e o vice-presidente Geraldo Alckmin, que já estavam eleitos.
— Ainda estavam nos planos a prisão e execução de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), que vinha sendo monitorado continuamente, caso o Golpe de Estado fosse consumado — diz a PF.
A princípio, conforme apuração da GloboNews, os militares foram presos no Rio de Janeiro, onde faziam parte da missão de segurança da reunião de líderes do G20. As prisões foram autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes e já tinham sido cumpridas até as 6h50 desta terça.
Como é o treinamento de um “kid preto”
“Kid preto”, de acordo com o Exército, é um apelido informal atribuído aos militares de Operações Especiais do Exército Brasileiro, que usam um gorro preto. Ainda segundo a corporação, o processo seletivo para as Forças de Operações Especiais é realizado entre militares voluntários que fazem parte do curso de Ações de Comandos e de Forças Especiais.
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Os “kids pretos” passam por formação no Centro de Instrução de Operações Especiais, em Niterói (RJ), no Comando de Operações Especiais em Goiânia (GO), ou na 3ª Companhia de Forças Especiais, em Manaus (AM).
No treinamento, os militares aprendem a atuar em missões de alto grau de risco e sigilo, como por exemplo operação de guerra irregular — terrorismo, guerrilha, insurreição, movimentos de resistência, insurgência. Eles são preparados também para situações que envolvem sabotagem, operações de inteligência, planejamento de fugas e evasões.
Um vídeo de comemoração aos 65 anos das operações especiais, publicado na página oficial do Comando de Operações Especiais no Facebook, em Goiânia, começa com a frase: “O ideal como motivação. A abnegação como rotina. O perigo como irmão. A morte como companheira”.
Os “kids pretos” podem atuar em todo o território nacional, diz o Exército. Ainda assim, a corporação informa que as tropas especiais só são empregadas por ordem do Comando do Exército, sob coordenação do Comando de Operações Especiais.
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“Sempre com base em um arcabouço legal, respeitando regras de engajamento previstas para a sua atuação operacional”, informa o Exército em comunicado enviado ao g1.
*Sob supervisão de Andréa da Luz
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