Na tarde desta sexta-feira (26), familiares de detentos do sistema prisional de Joinville se reuniram para protestar contra a situação dos internos durante a pandemia do coronavírus. Há dez dias, foi divulgado que seis funcionários do Presídio Regional de Joinville foram diagnosticado com Covid-19 e, nesta semana, uma funcionária da Penitenciária Industrial de Joinville também teve teste positivo para a doença. Enquanto isso, os parentes não conseguem contato com os detentos, principalmente no presídio.
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Desde que a pandemia chegou ao Brasil, em março, as visitas presenciais estão suspensas em todo o sistema prisional. Entre as medidas adotadas pela Secretaria de Administração Prisional e Socioeducativa de Santa Catarina estava a de visitas virtuais — que, segundo os familiares, pouco aconteceram nos últimos três meses, fazendo com que os parentes não saibam a real situação dentro das unidades prisionais.
Além disso, sem as visitas presenciais, os detentos deixaram de receber roupas e produtos de higiene que eram levados pela família. A situação é pior no Presídio Regional de Joinville, onde os internos dependem das bolsas levadas pelos parentes para receber itens como cuecas, toalhas e lençóis. Itens de higiene também estão sendo entregues com restrições. Na Penitenciária Industrial, que é administrada por uma empresa terceirizada, as roupas são fornecidas pela instituição, mas não há entrega de desodorantes.
Na quinta-feira, o juiz João Marcos Buch, que é juiz de Direito da Vara de Execuções Penais da Comarca de Joinville, visitou o presídio e a penitenciária com o conselho da Ordem dos Advogados do Brasil e do Conselho Carcerário de Joinville para inspecionar e verificar qual era a situação. Segundo ele, os setores de saúde garantiram que, até o momento, não há nenhum detento infectado no presídio. Na penitenciário, onde os internos tiveram contato com dois agentes infectados, todos os detentos foram testados e houve negativação — haverá uma retestagem para segurança.
De acordo com o juiz, ele demandará que o departamento penitenciário faça acontecer as visitas virtuais e que, se não permitir que as famílias entreguem as bolsas com itens de vestuário e higiene, o Estado os forneça.
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— É preciso que todos compreendamos que a situação da pandemia atinge ao mundo, ao Brasil, à Santa Catarina e Joinville, e o sistema prisional também. Eu preciso então avaliar e trabalhar de forma a demandar das autoridades que as medidas preventivas e fluxo sanitária sejam tomadas. E também as garantias de uma vida digna, no mínimo, lá dentro, sejam respeitadas — afirma Buch.