Movidas pela tradição familiar ou pelo sonho de representar a festa ostentando uma bela coroa, oito meninas se preparam para o concurso da Realeza da Oktoberfest 2017, cuja final será domingo, às 20h. Apenas três serão coroadas – rainha e duas princesas – mas todas estão ansiosas para a chegada do grande dia. Sorridentes, penteadas e cuidadosamente maquiadas, as mulheres com idade entre 21 e 29 anos se reuniram nesta semana no Parque Vila Germânica para participar uma roda de conversa com o Santa.
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Diferente de anos anteriores, desta vez elas não falaram apenas sobre a festa germânica, mas opinaram sobre assuntos do cotidiano e temas diversos. Confira a seguir as opiniões das candidatas da 34ª Oktoberfest:
(Fotos: Julia S. Schaeffer – Sectur, Divulgação)
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Angélica Roberta Passold, 21 anos
Natural de Blumenau
Mora no bairro Fortaleza
Acadêmica de Engenharia Civil
“Fui criada na tradição germânica, sempre participei de clube de caça e tiro e desfilava desde minha infância na Oktoberfest. Outra motivação para me candidatar foi pelos meus avós. Minha família fala alemão em casa e eu sempre quis entar. Agora que eu completei 21 anos, resolvi participar”.
Você percebe uma transformação na festa nos últimos anos? Como você imagina a Oktoberfest daqui a cinco décadas?
Eu acho que cada vez mais eles estão focando na tradição germânica. Eles sempre estão tentando inovar, colocar um prato típico novo. Por exemplo, há alguns anos não era tão rígido com os desfiles e agora o vestido tem que ser realmente no mínimo quatro dedos acima do joelho, tem que ser a meia certa. Antes, ao final do desfile qualquer um podia desfilar. Agora não, é preciso ter um grupo. Se você não está dentro das conformidades o clube ou o grupo podem ser penalizados. Cada vez mais, a organização está tentando focar para que a festa mantenha as suas origens. Uma vez li na internet que a Oktoberfest era chamada de Carnaval do Sul e acho que não é esta imagem que queremos. Há alguns anos atrás não existia lotação máxima e hoje tem. Então, você vê famílias vindo, eu vi gente saindo com carrinho de bebê, com crianças. Eu acredito que eles querem envolver as famílias também e não a imagem de bagunça. Não o Carnaval do Sul. E eles têm investido em divulgação, tentando ligar a Oktoberfest realmente com as maiores festas alemãs do mundo e tentando trazer pessoas de fora do país. Imagino que daqui a 50 anos, a festa tenha conquistado mais ainda a região, o país e o mundo.
Bruna Ponchielli, 24 anos
Natural de Blumenau
Mora no bairro Vorstadt
Acadêmica de Direito
“Eu amo a Oktoberfest desde a primeira vez que coloquei os meus pés aqui dentro. O meu amor vem crescendo pela festa e pela nossa tradição também. Representá-la seria motivo de muito orgulho, pela cidade e pela nossa tradição”.
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Fora da tradição germânica, o que você acha mais relevante nos movimentos culturais de Blumenau?
Blumenau gira em torno da tradição germânica, mas eu acredito que a questão da arquitetura é muito forte. A parte têxtil também, com vários eventos na cidade. E também a parte de outros cantos da cidade, com dança e outras festas como a Festitália, por exemplo.
Bianca Tribess, 23 anos
Natural de Blumenau
Mora no bairro Fortaleza
Acadêmica de Ciências Biológicas
“Eu fui criada na tradição alemã, perto dos meus avós. Então sempre acompanhei eles em festas, em cafés coloniais, clube de caça e tiro e quando via a realeza eu ficava deslumbrada. Eu sempre quis fazer parte desta festa de uma forma diferente, sendo a realeza. Neste ano me senti preparada para isso”.
Como você avalia as mudanças políticas ocorridas no Brasil, antes do movimento do impeachment e agora? Qual será o futuro?
Eu avalio as mudanças políticas ocorridas no Brasil de forma positiva. Fui a favor do impeachment. É claro que nós sabemos das dificuldades da nossa cidade, do nosso Brasil, mas eu acho que a gente consegue driblar isso. A gente consegue ver que aqui na nossa cidade o desemprego não foi algo tão assustador como ocorreu em outros municípios do Brasil, mas mesmo assim estamos conseguindo driblar estas dificuldades. Em relação ao futuro do Brasil, eu acredito que uma das maneiras da gente melhorar o país é com educação. Com o uso dos recursos naturais, muitas vezes a sociedade e natureza são vistas como coisas diferentes, mas a gente depende disso para sobreviver. Agricultura, indústria madeireira, toda a economia é baseada nos recursos naturais. Acho que tem que ter esta consciência. Além da educação, educando desde cedo vamos ter um futuro melhor. Aqui em Blumenau, temos o Parque Nacional da Serra do Itajaí, com o Parque das Nascentes, então as crianças podem aprender sobre isso desde cedo. Eu acredito no Brasil, um país tão diverso, tão miscigenado. Sempre damos um jeitinho brasileiro de ir para frente.
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Cristiane Bernardi Fucht, 28 anos
Natural de Joinville, mora em Blumenau há três anos
Mora no bairro da Velha
Formada em Marketing
“Participei do concurso do ano passado, mas até então, não com tanto entusiasmo. Nesse ano eu me preparei, faço curso de inglês e também falo um pouquinho de italiano. Estou fazendo marketing porque eu adoro falar com as pessoas, representando outras cidades e neste ano estou me preparando para quem sabe ser uma das ganhadoras do concurso.
Você usa algum transporte alternativo? Com que frase você incentivaria o próximo prefeito a investir na mobilidade em Blumenau?
Eu uso transporte coletivo. E esta pergunta caiu bem pra mim. Eu gosto muito de lidar com a população, com o público. Por isso que estou fazendo marketing e também trabalhei como mesária nas últimas eleições. Eu fui a fundo com o que aconteceu na crise do transporte coletivo e eu acredito ao meu ver que isso não tem nada a ver com o governo atual, mas vem de muito tempo.
Fernanda Rover, 21 anos
Natural de Blumenau
Mora no Distrito do Garcia
Acadêmica de Arquitetura e Urbanismo
“Há anos participo dos desfiles e da Oktoberfest. É uma festa com muita tradição e cultura, com música, gastronomia, danças folclóricas e típicas. Então eu quis participar um pouco mais de perto da festa, de tudo isso”
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Você sente algum preconceito em participar de um concurso de realeza, já que hoje em dia essas competições não possuem o mesmo glamour de décadas atrás?
Eu acredito que não. Até porque aqui nós não temos, em um concurso alemão, apenas meninas loiras. Eu sou morena. Temos meninas de olhos claros, meninas de olhos castanhos. Os trajes de décadas atrás e de hoje não mudaram muito, até porque é típico e não tem muito o que mudar, pois tem o seu padrão.
Kátia Ruon, 25 anos
Natural de Blumenau
Mora no bairro Itoupava Central
Formada em Administração
“Amo a minha cidade e a Oktoberfest. Acompanho os meus pais desde pequena nos desfiles, amo assisti-los. Neste ano que eu me senti preparada para assumir esta responsabilidade, de ficar na festa e de divulgar ela para o mundo”.
Você é feminista? Sim ou não, por que? Na sua opinião, qual a importância do movimento?
Pra mim o movimento feminista vem quebrando muitas barreiras porque antigamente tinha muito paradigma de que o homem tinha que trabalhar e a mulher cuidar dos filhos. Vejo muito isso na questão dos meus avós, eles tinham esta situação e minha mãe já veio quebrando. A Geração X, como eles falam. Ela saiu de casa para buscar outros rumos, deixou o Paraná para vir a Blumenau e trabalhar em uma indústria têxtil. E ela passa isso para nós, de não ficar dependendo de homens. Eu e minha irmã já estudamos e trabalhamos e a gente busca a nossa independência também. Só que a questão de ser feminista, eu acho uma palavra muito forte. Eu não concordo assim, o machismo ou o feminismo. Concordo com direitos iguais, dos homens e das mulheres trabalharem e os dois cuidarem da casa.
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Victoria Rech Barro, 22 anos
Natural de Serafina Corrêa (RS), mora em Blumenau há cinco anos
Mora no bairro Vila Formosa
Formada em Publicidade e Propaganda
“Uma coisa que sempre me admirou muito na cidade é que durante o ano as pessoas podem brigar por política, por transporte etc., mas na época da Oktoberfest a cidade toda se une. Atrai pessoas de outros lugares, que visitam Blumenau só por causa da festa, e todo mundo é amigo. Isso me atrai bastante”
Você entende que as pessoas devem ter o direito de se armar para se proteger ou o armamento gera mais violência? Opine.
A gente já viu vários casos de pessoas que têm arma em casa e acabam acontecendo acidentes om filho, com crianças. Por um lado, eu acho que a população não está totalmente protegida com a polícia que a gente tem hoje. Não tem um preparo no Brasil, ainda, para que a população se sinta segura dentro da própria casa. Se um bandido entra na sua casa hoje e você atira nele, você ainda é processado. Sou a favor do porte de armas com algumas regras. É preciso instruir a população que vai receber o armamento, de como deve ser e fazer leis que estejam do lado do cidadão de bem.
Vanessa Salvador, 29 anos
Natural de Blumenau
Mora no bairro da Velha
Trabalha com Tecnologia da Informação
“Sempre quis participar do concurso, agora que eu estou solteira eu resolvi me inscrever. É um sonho, de toda garota criada na cultura e na tradição. Também acho que estou em uma idade boa para participar”.
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Qual o papel da cidade no acolhimento de imigrantes como os haitianos?
Ah, esta pergunta tinha que sair pra mim. Eu trabalhei em uma empresa que fazia o acolhimento dos haitianos e gente, eles são muito bons de coração. Acho que todo mundo tinha que ter contato com esses imigrantes. Pelo menos as pessoas com quem trabalhei, eu tenho amizade até hoje. São pessoas tão humildes, o pouco para eles é tudo. Foi muito bom trabalhar nesta empresa e ter conhecido eles. A gente tem uma visão totalmente diferente do mundo.
O quê? Concurso da Realeza da Oktoberfest 2017
Quando? Domingo, 20h
Onde? Pavilhão Eisenbahn Biergarten, na Vila Germânica
Entrevista
As perguntas foram sorteadas pelas candidatas durante a entrevista que aconteceu no Parque Vila Germânica.