Existem inúmeras teorias que tentam ensinar a fórmula do sucesso empresarial, mas um dos segredos para se destacar no mercado não é nada misterioso. Para o americano Tom Peters – que já foi chamado de “guru dos gurus” na área de gestão pela revista Fortune e “superguru” pela The Economist – o caminho para chegar lá começa com um passo bem simples: ler.
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Para Peters, quem lê mais do que os outros aumenta sua capacidade analítica, amplia possibilidades e perspectivas e adquire uma nova visão dos fatos que o cerca – e também bem distinta daquela da grande maioria.
Quem convive em meio à pressão de tomar decisões pode ter no hábito da leitura um importante aliado no fornecimento de subsídios que aumentam as chances de acerto nas escolhas diárias. Por isso, não é de se estranhar que empresários e executivos costumem carregar livros em suas pastas ou malas de viagem. E há quem não se contente apenas com um.
– Geralmente leio de dois a três livros simultaneamente – conta João Martinelli, presidente da Martinelli Advocacia Empresarial, que diz escolher o gênero de acordo com o seu “estado de espírito”.
Histórias inspiradoras, biografias de grandes personalidades e cases de sucesso empresarial costumam ser as escolhas mais comuns dos executivos. Obras que tratem de aspectos comportamentais também ganham espaço.
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O diretor de marketing corporativo da Embraco, Natanael Kaminski, por exemplo, está lendo um livro que mostra como a filosofia budista pode ser aplicada no mundo corporativo. Seja qual for a obra, o importante é que ela traga algum tipo de ensinamento que possa ser aplicado no desenvolvimento pessoal e profissional.
Negócios & Cia. convidou quatro executivos do Norte catarinense, de diferentes segmentos de mercado, a compartilharem impressões e lições sobre livros da área de gestão que leram ou estão lendo. Confira:
O livro: O Sonho Grande, Cristiane Correa. Sextante, 264 páginas.
Sinopse: A obra mostra como Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira, maiores acionistas individuais da maior cervejaria do mundo, a AB InBev, revolucionaram o capitalismo brasileiro e conquistaram o mundo.
Quem leu: Felipe Hansen, vice-presidente do conselho de administração da Tigre e vice-presidente da Associação Empresarial de Joinville (Acij).
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O que Hansen diz: uma história inspiradora sobre o surgimento e ascensão do império criado pelos empresários brasileiros Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira, criadores da AB InBev. São líderes desbravadores que em pouco mais de quatro décadas escreveram seus nomes na história do capitalismo mundial. Uma verdadeira aula sobre meritocracia, busca incessante por redução de custos e simplicidade. Ótimo para inspirar o começo do novo ano.
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O livro: A Incrível Viagem de Schackleton, Alfred Lansing. Sextante, 352 páginas.
Sinopse: Sir. Ernest Shackleton parte a bordo do Endurance em direção ao Atlântico Sul, mas a embarcação fica presa no gelo e acaba sendo destruída. O livro mostra como Shackleton conseguiu que todos retornassem com vida.
Quem leu: Sandro Sambaqui, gerente de produção e galvanização da ArcelorMittal Vega
O que Sambaqui diz: É uma história fantástica e real sobre a superação de desafios e, embora se passe em 1914, continua atual, sobretudo do ponto de vista de liderança, começando pelo entusiasmo do líder, planejamento, gestão de pessoas e principalmente gerenciamento de crises e conflitos.
A liderança relatada no livro é contemporânea, pois não está condicionada às atualizações tecnológicas ou a modelos corporativos de gestão, mas sim ao envolvimento direto do líder assumindo o papel de protagonista.
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Entre os grandes ensinamentos estão o processo de seleção e recrutamento e o aprendizado gerado e compartilhado em caso de falha ou erro. O autor ressalta aspectos como a habilidade e a responsabilidade do líder em selecionar o perfil ideal para determinada função, principalmente em situações de conflitos e crises, e explora muito bem as famosas “lições aprendidas” durante as crises.
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O livro: Vencedoras por Opção, Jim Collins e Morten T. Hansen. HSM, 352 páginas.
Sinopse: Os autores estudaram companhias que alcançaram o sucesso em cenários caracterizados por mudanças bruscas que os gestores não podiam prever e nem controlar. Depois, compararam o desempenho dessas empresas com o de outras que não tiveram sucesso neste mesmo mercado.
Quem leu: João Martinelli, presidente da Martinelli Advocacia Empresarial
O que Martinelli diz : Os autores pesquisaram durante anos as principais empresas do mundo. Concluíram que as melhores não foram aquelas que assumiram mais riscos, nem foram mais visionárias ou mais criativas. As melhores foram, sim, as mais disciplinadas e nem sempre agiram com rapidez, preferindo a prudência. É uma bela lição.
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O livro: A Arte do Poder, Thich Nhat Hahn. Rocco, 224 páginas.
Sinopse: O poder e seus caminhos por vezes tortuosos são o tema do livro. Na contramão dos tradicionais manuais de negócios e gestão empresarial, Thich Nhat Hanh mostra que a atual interpretação de poder conduz o homem ao estresse, ao medo e à ansiedade, e não à realização plena. Em vez de conquistar o poder, executivos se tornam vítimas do próprio sucesso, escravos da rotina de trabalho e das metas que se impõem.
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Quem leu: Natanael Kaminski, diretor de marketing corporativo da Embraco
O que Kaminski diz: Gosto da forma como o livro concilia a filosofia budista com os aspectos econômicos do mundo corporativo e da vida moderna. Pessoas com um propósito definido não perdem o foco do objetivo, sabem bem o que querem e, consequentemente, não se frustram facilmente. Dessa forma, se mantêm motivadas e contagiam o meio ao seu redor. Vários estudos mostram que empresas que equilibram de modo inteligente a geração de lucro, a integridade, a preocupação com o mundo e a evolução da consciência de seus funcionários têm profissionais mais felizes e clientes mais satisfeitos, ao mesmo tempo em que ganham mais dinheiro.