Orleans é uma cidade com pouco mais de 23 mil habitantes, localizada no Sul de Santa Catarina, e quando é chamada de Capital da Cultura, não é em vão. A origem tem conexão direta com o casamento da Princesa Isabel. Valdirene Boeger, museóloga e diretora do Museu ao Ar Livre Princesa Isabel, em Orleans, explica que o município foi um dote do casório da princesa.

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— Em 1864, a Princesa Isabel casa com o Conde d’Eu. Como era de direito das princesas do Brasil, ela recebe um dote patrimonial de casamento, constituído por terras, jóias e títulos de nobreza. A maior parte do território orleanense foi constituído a partir do dote de casamento da Princesa Isabel — conta Valdirene.

Estabelecido por lei em 1870, o patrimônio dotal de terras, divididas em duas, era de 98 léguas quadradas (unidade de medida imperial), que equivalem a 411,6 quilômetros quadrados. As terras poderiam ser escolhidas em Sergipe e Santa Catarina.

Documentos oficiais, presentes no Museu ao Ar Livre, constam que no sul catarinense, em 1875, a demarcação escolhida pela realeza foi de 12 léguas quadradas, com o tombamento topográfico de 50,4 quilômetros quadrados.

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Esse território foi destinado à implantação da Colônia Grão-Pará, demarcada no Vale do Rio Tubarão, que hoje compreende parte dos municípios Grão-Pará, Lauro Müller, São Ludgero, Braço do Norte, Rio Fortuna, Santa Rosa de Lima, Armazém, São Martinho e Orleans.

No Museu ao Ar Livre Princesa Isabel, documentos oficiais e mapas que comprovam essa história, são preservados até hoje.

Venda da Colônia Grão-Pará

A Colônia foi demarcada em lotes coloniais, que foram vendidos para imigrantes europeus e brasileiros que moraram na região. A Colônia Grão-Pará foi inaugurada em 1882, data oficial da venda dos lotes coloniais.

— Como a região era pouco habitada, foram feitas propagandas na Europa para a venda dos lotes, falando que o local possuía boas terras para plantações, possuía bom clima e se parecia com o território europeu. Inicialmente diversas famílias italianas, austríacas, alemãs, polonesas, francesas e portugueses vieram para a colônia, assim foram formando vários núcleos coloniais, que deram origem às atuais cidades, como o Núcleo Orleans do Sul, nome em homenagem à família do Conde d’Eu — explica a museóloga.

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A Colônia Grão-Pará inicialmente possuía uma sede onde localiza-se o município de Grão-Pará. Em 1885, foi construída uma nova sede da empresa no núcleo Orleans do Sul. Neste mesmo ano se inicia a demarcação de várias obras destinadas à área urbana de Orleans do Sul. Em 1888, Orleans tornou-se um distrito do município de Tubarão, a emancipação aconteceu apenas em 1913.

Traços culturais mantidos

Mesmo com o desenvolvimento de mais de 100 anos, ainda sim pode-se notar traços da cultura colonial europeia presentes em descendentes que moram em Orleans.

— Principalmente no interior, as construções das casas são muito parecidas. As etnias polonesas e italianas são comuns, principalmente nas comunidades Chapadão e Rios Pinheiros, onde alguns descendentes que moram no local falam o idioma dos países europeus e mantém o modo de se vestir, a culinária e até o modo de viver — complementa.

Veja fotos de Orleans, cidade dote do casamento da Princesa Isabel

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