Uma hora. Este é o tempo que um caminhão leva, em horários de grande movimento, para cruzar a cidade no trecho entre a BR-101 e o Porto de Itajaí. Um prazo que, na estimativa do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Carga, poderia ser reduzido para 20 minutos com a abertura da Via Expressa Portuária.
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A obra, paralisada na semana passada, quando o Exército se retirou de Itajaí, é considerada essencial para ganhar agilidade na liberação de cargas – o que interfere diretamente na economia da região.
– Hoje, quem paga pelo atraso é o consumidor final – diz Otílio Emílio Dalçoquio, dono de uma das maiores transportadoras da região.
Segundo ele, cada hora que um caminhão fica parado no trânsito custa cerca de R$ 100. Para fazer o trecho entre o porto e os terminais retroportuários, onde ficam armazenadas as cargas, as empresas cobram três vezes este valor.
No preço estão incluídos os custos com combustível e desgaste dos veículos, além do tempo perdido pelos caminhoneiros no trânsito. Três situações que poderiam ser minimizadas com a implantação da Via Expressa Portuária.
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– Se pudesse fazer o frete mais rápido, o transportador faria mais de um ao dia e isto facilitaria a negociação. Para manter o porto competitivo, precisamos baixar os preços – diz Rafael Ramalho, proprietário de uma empresa de logística portuária em Itajaí.
Os pedidos do setor se justificam. Nos últimos 10 anos, a movimentação de contêineres quadruplicou em Itajaí. Hoje, o setor portuário corresponde a 60% da receita da cidade e emprega diretamente milhares de moradores – números ameaçados pelas mudanças na cobrança do ICMS de importação em transações interestaduais, que passam a valer em 2013.
A alteração das regras unifica taxas e diminuiu os incentivos fiscais, que estavam entre os principais atrativos dos portos catarinenses. Sem desconto para oferecer, a aposta dos terminais terá que ser na agilidade:
– A Via Expressa Portuária aumenta a rapidez no transporte das cargas e isto diminui custos. São duas coisas que podem trazer benefícios para contrabalançar a perda de ICMS – diz Rogério Marinho, presidente do Sindicato das Empresas de Comércio Exterior (Sinditrade).
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Estrada de Navegantes ficou pronta em dois anos
Enquanto em Itajaí a novela da Via Expressa Portuária se arrasta desde 2005, em Navegantes uma avenida que facilita o trânsito de caminhões entre a BR-470 e o terminal portuário da cidade (Portonave) ficou pronta em dois anos. São quatro pistas, duas em cada sentido, e três rótulas, que ajudam a desafogar o trânsito na área central do município.
A obra foi custeada pela Portonave, em parceria com o governo do Estado, que pagou pela desapropriação de 110 imóveis.
Em Itajaí a obra é feita com recursos do Governo Federal, sob a responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), e é executada pelo Exército. Cabe ao município o repasse das indenizações aos proprietários dos imóveis que estão na lista de desapropriações.
Dos 155 imóveis da lista, 40% ainda não foram indenizados – o que causou a retirada dos militares de Itajaí. Plano A pressa na conclusão da Via Expressa Portuária foi solicitada ao governo federal pelo governo do Estado, através do Plano de Competitividade dos Portos – feito para minimizar os efeitos da mudança de ICMS. Até agora, porém, não houve resposta.
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– A paralisação desta obra é um desastre para Itajaí. Precisamos dar vazão às cargas, facilitar o acesso ao porto e retirar os caminhões das vias públicas – afirma Eclésio da Silva, presidente do Sindicato das Agências Marítimas.