*Por Erin Griffith
Em um dia desta quarentena – quem pode dizer qual? –, encontrei as seguintes informações: Zoom, a empresa de videoconferência, viu suas ações atingirem uma nova alta; Züm, um empreendimento de compartilhamento de caronas, cortou sua força de trabalho em um terço; e Zume, a startup de pizza robô, não conseguiu levantar mais fundos.
Continua depois da publicidade
Em outras palavras: a Zoom cresceu enquanto a Züm diminuiu, e talvez a Zume estivesse condenada.
Ao que parece, as startups cujos nomes transmitem a ideia de velocidade floresceram. Há Zoomd, Zoomi, Zumi, Zoomy, Zoomies, Zoomin, Zoomvy, Zoomly e Zoomph. O Zoom.ai oferece assistentes virtuais, o Xoom é um serviço de pagamentos e a Zumobi faz marketing de conteúdo móvel. A Tractor Zoom, em Urbandale, Iowa, diz que está revolucionando a compra de equipamentos agrícolas em leilões.
Perguntei a Nancy Friedman, que dirige o Wordworking, uma consultoria de nomes em Oakland, na Califórnia, se eu estava ficando maluca. Ela fez uma pesquisa e descobriu 575 marcas comerciais funcionais que incluíam "zoom" ou "xoom". "Tenho certeza de que todas pensavam que eram as únicas", disse Friedman.
Continua depois da publicidade
As marcas mais fortes são evocativas, não descritivas, acrescentou ela. Mas, em sua experiência, pessoas com formação em engenharia nem sempre veem o valor de uma boa metáfora. "E agora eles estão todos na sombra do Zoom", observou ela.
As startups precisam ser muito rápidas. Elas "se movem rápido e quebram coisas", "contratam rápido, despedem rápido", e certamente falham rapidamente. Têm uma revista: "Fast Company". E uma dieta: o jejum intermitente.
Algumas empresas levam isso a sério. A ideia está incluída em seu nome. FastPay, Fastpath, Fastly. Qwick, Quikr, Quikly. Instacart, Instabase, Instawork. Entendeu, né?
Mas muitas mais preferem transmitir sua velocidade de forma ainda mais rápida – mais rapidamente do que o cérebro humano pode compreender palavras. Elimine fatores complicadores como contexto e conotação e substitua-os por sons. Zoom, Vroom, boom!
Continua depois da publicidade
Os investidores embarcaram na onda. Uma das principais firmas de capital de risco do Vale do Silício, a Sequoia Capital, investiu em três empresas cheias de energia: Züm, Xoom e Zoom. Outras não ficaram para trás. O Vision Fund, do SoftBank, apoiou a Zume e a Ziroom, além da Petuum.
Será que apenas soar veloz ajuda uma empresa? Ou será que o Zoom arruinou a oportunidade sônica? Por dezenas de minutos em uma quinta-feira de quarentena à noite, isso me envolveu, me absorveu, me corroeu, quase me emudeceu.
Fato: havia pelo menos 120 startups cujos nomes incluem algo que soa como "zoom".
Fato: elas conseguiram um financiamento coletivo de US$ 1,8 bilhão, de acordo com uma planilha que montei meticulosamente com dados da Crunchbase, PitchBook, AngelList, Securities and Exchange Commission e um site chamado Fundz.com.
Fato: a planilha se chama "Startups com som de velocidade: a quarentena está indo muito bem, obrigado por perguntar".
Continua depois da publicidade
Fato: cerca de 40 startups ou mais – um terço – parecem estar mortas.
Fato: a maioria das startups quebra. Mas não as minhas zoomies – elas são como zumbis! Minhas zoomsters. Minhas zoomstars. Minhas zoomskis. Minhas zoomslices. Minhas zoommuffins. Zoomistadors. Zoomerinos? Zoompadres. Zumigos! Não! Espere um pouco! Essa é uma empresa de verdade. De qualquer forma, elas são mais resistentes. Futuros magnatas, preparados para a fortuna.
E, ainda assim, as perguntas vão surgindo: o simples fato de não falhar é o mesmo que ter sucesso? Meu laptop quase fundiu, forrado de abas (222). Eu me senti abandonada. Nesse ponto, os influenciadores de estilo de vida de quarentena teriam me aconselhado a me afastar, largar meu casulo da internet, talvez ouvir "Va Va Voom" no Zune.
Mas outros especialistas mais dedicados pediriam que eu me esforçasse mais. De acordo com essa tropa, qualquer um que não melhorar de nível dez vezes durante a quarentena é um palhaço. Shakespeare escreveu "Rei Lear" durante a Peste!
Essa investigação foi meu "Rei Lear". Tudo que eu precisava era da resposta a uma simples pergunta: o que significa ser bem-sucedido?
Continua depois da publicidade
Os resultados do Google foram inconclusivos. Pior, os fatores complicadores aumentaram. Por exemplo: os americanos da geração depois da dos millennials estão se chamando de "zoomers". E a poderosa bandeira plantada pela campanha publicitária de 15 anos da Mazda, "Zoom, Zoom, Zoom"? Zumba ainda é uma coisa?
Essas eram as questões existenciais do nosso tempo. Eu precisava de ajuda. Enviei um e-mail à Sequoia Capital para perguntar por que a empresa gosta tanto dos grandes zoombinos. Um porta-voz escreveu: "Gostamos de todos eles, mas fique longe da tristeza e da desgraça." Eles acham que isso é uma piada?
Tentei fundadores. A XoomDat, uma startup de software, absorveu os benefícios de seu nome de som rápido, de acordo com Ousmane Condé, seu executivo-chefe. "Nossos clientes quase instantaneamente fizeram a conexão entre a empresa e o nome", disse ele.
Então encontrei uma empresa que, desconcertantemente, mudou seu nome de Zoomstra (praticamente supersônico) para Guide-a-rama – muito mais lento, na minha opinião. Aaron Kassover, o fundador, disse que a mudança foi parte de uma guinada de orientação por vendas para orientação por marketing em 2014. Nenhum dos negócios teve muito sucesso, acrescentou.
Continua depois da publicidade
"Se ao menos não tivéssemos mudado nosso nome", escreveu Kassover. Ele disse que estava aceitando ofertas para o domínio Zoomstra.com, o que significa que você também pode embarcar nessa.
A vida é melhor em marcha lenta? Mandei um e-mail para a Slow Ventures, uma empresa de investimentos em San Francisco. O nome "se destaca como sendo um pouco irônico", observou Kevin Colleran, sócio da empresa. Os fundadores sempre perguntam sobre isso, acrescentou.
A Slow não investiu em nenhuma empresa de som rápido, mas sim nas que fossem fieis à sua marca, e financiou uma startup chamada Breather. Dei um suspiro contemplativo em meio ao ar viciado do apartamento e pensei na última vez em que usei o máximo de meu potencial.
Naquela tarde, recebi uma ligação pelo Zoom de Christopher Murphy, o fundador da Zoomforth, uma startup de software. Ele escolheu o nome em 2012 porque "zoom" soava ambicioso, e, se adicionasse "forth", o domínio estava disponível por US$ 13.
Continua depois da publicidade
Em vários momentos, os funcionários da Zoomforth tentavam adivinhar por que a Zoomforth se chamava Zoomforth. "Não tivemos uma boa resposta", admitiu Murphy.
Mas uma mudança seria muito cara, e a indefinição ajudou à medida que a startup se estruturava. "Zoom se aplica a qualquer tipo de serviço em qualquer lugar. O que falta em especificidade sobra em aplicabilidade", resumiu Murphy.
A Zoomforth foi confundida com a Zoom, o serviço de videoconferência, algo entre cem e mil vezes, estimou ele. Inclusive por seu pai, que recentemente respondeu a um convite para participar do grupo da família no Zoom dizendo: "Estou tão feliz por finalmente podermos usar seu software", de acordo com Murphy.
"Foi cômico, e um pouco deprimente." Assim como este artigo, presumo.
The New York Times Licensing Group – Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times.
Continua depois da publicidade