Os casos de dengue têm sido um desafio para a saúde pública de Joinville pelo terceiro ano consecutivo, mas há uma diferença geográfica importante em 2022. Enquanto a zona Sul teve o maior número de pessoas diagnosticadas no ano passado, agora as regiões Leste e Norte são as mais impactadas.

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Os bairros da zona Sul corresponderam a quase 70% dos casos de dengue registrados em 2021. Foram 11,3 mil pessoas infectadas pelo vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti.

Entre os dez bairros com mais casos, nove ficavam nesta região da cidade: Petrópolis (1.553), Floresta (1.286), Itaum (1.234), Boehmerwald (1.189), Fátima (925), João Costa (881), Paranaguamirim (772), Guanabara (702) e Adhemar Garcia (629. O “intruso” foi o Aventureiro, com 638 casos.

Neste ano, a cidade acumula 9.787 casos de dengue, sendo que a zona Sul representa apenas 12,3%, com 1.204 pessoas. A liderança é da região Leste, com 4 mil registros (41,5% do total), seguida pela zona Norte, com 2,9 mil (29,7%).

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Entre os dez bairros com mais casos, cinco são da zona Leste: Iririú (1.181), Comasa (1.019), Jardim Iririú (815), Aventureiro (585) e Boa Vista (239). A liderança de toda a cidade é do Costa e Silva, na zona Norte, com 1.883 pessoas infectadas.

Estratégias de combate ajudaram a zona Sul

A diretora executiva da Secretaria da Saúde, Fabiana Almeida, explica que dois fatores podem ajudar a entender a "migração" da dengue para outros bairros e regiões de Joinville. O primeiro deles é a estratégia de tratamento e combate ao Aedes aegypti.

Em 2021, o município intensificou as ações contra a dengue na zona Sul, onde havia mais locais com casos confirmados. O trabalho é direcionado para o combate aos focos do mosquito e o atendimento às pessoas doentes.

Uma das principais ferramentas foram as estações disseminadoras instaladas na zona Sul. Os mosquitos pousam nessas estruturas e grudam inseticida nas patas, levando-o para outros locais em que depositarão os ovos. Com isso, as larvas não se desenvolvem.

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- Nós intensificamos essas estações na zona Sul no ano passado, assim como as ações de limpeza, de campo, as visitas domiciliares e parcerias com empresas e escolas - explica Fabiana.

Neste ano, a Secretaria da Saúde intensifica as mesmas estratégias nas zonas Leste e Norte, onde há maior número de casos. Ao mesmo tempo, as estações disseminadoras foram mantidas na zona Sul, assim como outras ações de combate à doença.

"Imunidade" ao vírus pode ter ajudado na migração

O outro fator que explica a "migração" tem relação com a própria doença. Existem quatro tipos de vírus da dengue, sendo que as pessoas se infectam apenas uma vez com cada um deles. Em Joinville, há dois tipos em circulação.

- Entendemos que grande parte das pessoas na zona Sul já pegou um tipo de dengue, então tenho essas pessoas "imunes". Enquanto não temos outro tipo de dengue, há essa "imunidade seletiva" a esse tipo de vírus - detalha Fabiana.

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Segundo ela, isso cria um outro problema porque a dengue se comporta com maior gravidade quando a pessoa é infectada pela segunda vez, com um tipo diferente de vírus. Com isso, acende um alerta para a zona Sul, onde há probabilidade maior de reinfecção, visto que foi a região com mais casos da dengue em 2021.

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