Não é fácil um casal ter afinidades em tudo. Isso mostra o quanto é difícil os relacionamentos darem certo. Às vezes um se interessa por uma coisa e o outro não, ou um tem um ritmo lento enquanto o outro é mais acelerado. A mulher gosta do dia enquanto o companheiro é notívago, ela é falante, ele é tímido. As diferenças existem, assim como as divergências, e no assunto ‘filhos’ elas acontecem também.

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– Observo muitos casais em conflito pela dificuldade que apresentam no tocante à simples decisão de ter um filho. Percebo que, para muitos, fazer essa escolha não é fácil nem simples. Cada pessoa tem um estilo de vida e uma personalidade, que inclue também os desejos e aspirações em relação ao outro, e em muitos casos a existência de um terceiro elemento, como a chegada de um filho ou até mesmo a gestação, pode ser a causa de muita angústia – explica a psicóloga Cynthia Boscovich.

Há ansiedade em muitas mulheres em relação ao parceiro que não manifesta interesse em relação ao desejo de ter filhos ou até verbaliza a falta de vontade de tê-los. O que cada um nesse momento precisa fazer é tentar ficar atento ao que um filho representa para sua vida e o que mobiliza internamente, incluindo dúvidas, medos, ansiedade e angústias. Antes de mais nada, é importante que cada um tente entrar em contato com aquilo que espera para sua vida – e decidir ser pai ou mãe pode ser algo muito importante ou até muito distante para algumas pessoas. É necessário observar que expectativas elas colocam em relação à maternidade ou paternidade.

– As mulheres, diferentemente dos homens, têm um prazo para decidirem ser mães, considerando que sua vida reprodutiva termina entre os quarenta e cinquenta anos, e quanto mais o tempo passa maiores são as chances de se distanciar a concretização desse desejo. A posição delas no mercado de trabalho contribui para o atraso da maternidade, mas nem sempre é possível encontrar o parceiro ideal no momento em que desejam ser mães – diz Boscovich.

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Muitos homens se assustam com a dependência de um bebê, e com as responsabilidades de ser pai, incluindo-se nelas também o fato de serem obrigados a provê-los emocional e materialmente por muito tempo. Para alguns isso pode ser motivo até de crises de ansiedade e depressão, além do surgimento de outros sintomas secundários. A existência de um bebê pode mobilizar questões muito primitivas e profundas nas pessoas, estejam elas conscientes ou não disso. E nem sempre o outro, nesse caso o parceiro, é capaz de compreender o que está ocorrendo com seu companheiro.

Uma conversa franca é sempre importante para que cada um possa se colocar e deixar claro o que espera para si e para a relação que está vivendo com aquela pessoa. Às vezes é difícil vivenciar sozinho essas situações, e é para isso que existem os psicólogos, que podem contribuir muito para a compreensão e percepção de muitas questões.