A média de novos casos de coronavírus em Blumenau vem em queda há pouco mais de duas semanas. Depois de uma breve aceleração de diagnósticos no início de janeiro — quando 177 pessoas descobriam diariamente estar infectadas —, os números começaram a cair.

Continua depois da publicidade

Na última sexta-feira (22), o patamar baixou de 100 e se manteve assim até esta segunda-feira (25), algo que não ocorria há três meses, como mostra um levantamento feito pelo Santa com base nos dados da Secretaria de Saúde.

Além disso, o número de pacientes ativos com a Covid-19 também vem em descenso e voltou aos três dígitos na segunda quinzena deste mês. E mais: no domingo (24) o total de pessoas em tratamento atingiu a marca de 672, menor índice desde 25 de outubro.

Mas o que explica essa redução nos números referentes à Covid-19 em Blumenau?

Para o médico Amaury Mielle, que integra um grupo de estudos ligado à sociedade europeia de infectologia, são ao menos três pontos que ajudam a entender essa nova estabilização da pandemia: “bolhas de imunidade”, “proteção de rebanho” e “quarentena voluntária” — este último já explicado pelo colunista Evandro de Assis:

Continua depois da publicidade

> Receba notícias de Blumenau e do Vale por WhatsApp. Clique aqui e entre no grupo do Santa

— É uma teoria que defendo há um tempo: nós formamos por duas vezes uma proteção de rebanho. Não imunidade de rebanho. Na primeira fase, quando as pessoas saíam para trabalhar, se contaminavam, traziam o vírus para casa, pessoas suscetíveis eram acometidas, e nós começamos a ter aquelas internações e óbitos na cidade.

— À medida em que isso foi acontecendo, gerou-se uma quantidade de pessoas que estão protegidas imunologicamente, porque já tiveram exposição ao coronavírus, seja ela sintomática ou não. É isso que nós chamamos de proteção de rebanho, quando criam-se bolhas de imunidade — explica.

Depois dessa primeira aceleração da pandemia em Blumenau, ocorrida entre o fim de julho e o início de agosto, houve queda acentuada seguida pela estabilização dos números referentes ao coronavírus na cidade. Em outubro, porém, o total diário de casos voltou a crescer e verticalizou o gráfico (veja acima). Esse segundo pico, maior do que o primeiro, ocorreu entre o fim de novembro e início de dezembro, o que fez com que o último mês do ano fosse o segundo mais letal desde o início da pandemia.

— O que aconteceu foi que os jovens, que até então estavam em casa e não tinham estímulos para aglomerações, festas, baladas, começaram a sair e se tornar a população com os maiores índices de infecção. Aí, novamente, eles trouxeram o vírus para os mais suscetíveis e nós tivemos uma segunda… Digamos assim, “entrada” da Covid-19 em um grupo populacional vulnerável — argumenta Mielle.

Continua depois da publicidade

Apesar de os números indicarem desaceleração da pandemia, o infectologista Amaury Mielle diz que é preciso ter cautela. O próprio especialista admite que o “dado é bom”, porque se observa um menor número de casos, mas avalia que é preciso aguardar pelo menos mais três semanas para entender como os índices referentes à Covid-19 se comportam em Blumenau.

— Não sou otimista, porque na minha avaliação nós devemos começar a observar um aumento de casos novamente, principalmente por conta dessa variante com mais transmissibilidade que certamente já está entre nós. Ainda devemos ter um primeiro trimestre muito complicado, levando em conta a Região Norte saturada e o interior de São Paulo com um cenário já preocupante. Não será diferente no Sul.

— Esse momento aqui [em Blumenau] é muito semelhante àquele da primeira aceleração e que culminou com novas incidências e repique da pandemia — compara o infectologista ao justificar a manutenção dos cuidados sanitários para evitar a propagação da Covid-19.

Cenário atual da Covid-19 em Blumenau

Números atualizados nesta segunda-feira mostram que Blumenau soma 35.117 casos confirmados de coronavírus, com 34.109 pacientes considerados recuperados da doença (97,1%). A média móvel de casos é de 94,5 testes positivos diários, com um total de 724 casos ativos da Covid-19 no município. São, ainda, 284 mortes — duas a mais em relação ao último boletim —, o que representa uma taxa de letalidade de 0,81%.

Continua depois da publicidade