Uma das autoras do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, a advogada Janaina Paschoal afirmou nesta segunda-feira que, por ora, o que existe de denúncia contra o vice-presidente Michel Temer não justifica o seu afastamento.

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— Muito embora eu respeite o trabalho do Dr. Marra (Mariel Marley Marra), que fez o pedido, eu não vejo elementos suficientes. Mas se o vice assumir e surgirem (elementos), que se tomem as previdências. Que caia quem tiver que cair — disse Janaína.

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Um dia após a Câmara aceitar a admissão do pedido de impeachment com mais de dois terços de aprovação dos parlamentares, a advogada convocou coletiva de imprensa para comentar o processo, ao lado do jurista Hélio Bicudo, também autor do pedido.

— Ontem (domingo) para mim foi um alívio, mas não especificamente pelo resultado, que eu entendo que foi justo, mas pela maneira como o país passou por isso, foi uma aula de democracia que o país passou para o mundo — afirmou Janaina.

Sobre as homenagens que os deputados fizeram a suas famílias, a Deus e às mais diversas causas na hora de anunciar seus votos, a advogada disse que isto não tira a legitimidade do processo de impeachment.

— Foi um momento de manifestação dos deputados, isto é inerente ao papel do deputado, que é eleito por uma comunidade e presta satisfação a essa comunidade — explicou. — E a participação em peso dos deputados foi um recado de que não estão à venda — afirmou, em referência à negociação de cargos que ocorreu nas semanas que antecederam a votação.

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Janaina chegou a dizer, inclusive, que se sentiu representada pelos parlamentares enquanto eles votavam:

— Eu fiquei muito emocionada — afirmou.

A advogada esclareceu, no entanto, que não se sentiu representada pelas justificativas dos deputados, mas sim pela “liberdade de manifestação”.

— Eu não gostei do voto do deputado Jair Bolsonaro, mas eu vou dizer que ele não tem representatividade? O Congresso é uma fotografia da população, se está ruim lá, tem que melhorar — disse. — O Congresso me representa porque eu senti em todos eles a vontade de discutir o país — acrescentou.

Depois que passou a aparecer com mais frequência no noticiário, em razão do pedido de impeachment, Janaina recebeu convite do Partido Novo para fazer parte da legenda. Ela negou o convite e disse que, pelo seu perfil, nenhuma sigla seria capaz de acolhê-la.

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— Eu não tenho essa vontade — afirmou.

A advogada negou também que aceitaria cargo em um eventual governo Temer.

— Mas também não vou assinar um papel dizendo que nunca na minha vida aceitarei algum cargo — ressaltou.

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