O ex-presidente Jair Bolsonaro confirmou que virá a Santa Catarina nesta semana. Ele acompanhará a esposa, Michelle Bolsonaro, em um evento do PL Mulher previsto para sábado (29), em Florianópolis. Também estão previstas reuniões com o governador e aliado Jorginho Mello e com prefeitos e deputados catarinenses do partido.
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Será a primeira visita de Bolsonaro e Michelle a SC após o segundo turno das eleições e, também, depois de ele ter a inelegibilidade decretada pela Justiça Eleitoral, em junho deste ano. Por conta disso, a agenda carrega significados políticos em um novo momento do bolsonarismo.
Desde que retornou ao Brasil e depois de ficar inelegível, Bolsonaro não deixou de fazer aparições públicas. No entanto, as exibições foram mais ligadas a compromissos pessoais. Em vídeos divulgados pelo PL, o ex-presidente já apareceu em exame médico e psicotécnico para renovar a habilitação e em tratamento dentário. Na última semana, publicou imagens em um salão de beleza e em um encontro de motos.
Os compromissos com maior perfil de movimentação política nos últimos meses foram a ida à Agrishow, no interior paulista, em maio, e à reunião do PL na semana da reforma tributária, no início de julho. Na ocasião, Bolsonaro participou de uma cena em que o governador de São Paulo, o bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos), foi vaiado por membros do PL por ter sido favorável à reforma — nos últimos dias antes da votação, Bolsonaro sugeriu que o partido fosse contrário à proposta, que chamou de “reforma do PT”.
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Nesta semana, antes de vir a SC, Bolsonaro cumpre agenda em São Paulo, onde deve se reunir com o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e se hospedar no Palácio dos Bandeirantes, em sinal de reconciliação com o governador Tarcísio.
A visita desta semana a Santa Catarina é vista, portanto, como parte de um possível marco inicial de um giro de Bolsonaro pelo país. A “turnê” vem sendo ensaiada desde o retorno dele ao Brasil e já teve alguns atos em estados como Goiás e São Paulo. A intenção principal é mobilizar prefeitos, vereadores e filiados a concorrerem às eleições municipais de 2024 e fortalecer o partido para essas disputas locais.
Embora inelegível, Bolsonaro é visto por fontes próximas à cúpula do PL de SC como um potencial “animador de candidaturas”, capaz de mobilizar filiados e aumentar as chances de vitória no próximo ano.
As visitas são encaradas também como forma de o ex-presidente manter o nome em evidência e se fortalecer como líder do bolsonarismo, raia que passou a ter os nomes de Michelle, Tarcísio e até do governador mineiro Romeu Zema (Novo) como possíveis herdeiros após a inelegibilidade de Bolsonaro.
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Michelle Bolsonaro em evidência
Os holofotes da visita também serão divididos com a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Ela vem sendo apontada como uma possível alternativa do bolsonarismo para as urnas em 2026. Michelle também vem percorrendo o país em eventos do PL Mulher com a tarefa de atrair o eleitorado feminino e ampliar a participação política deste grupo, em geral de viés mais conservador.
A prefeita de Água Doce, no Oeste de SC, e presidente do PL Mulher, Nelci Bortolini, responsável pelo evento do fim de semana, afirma que a figura de Michelle ajuda a despertar no eleitorado feminino o desejo de fazer parte do mundo político, e que a presença de Bolsonaro é um reforço a mais para isso.
— Embora tenha essa situação ocorrendo [a inelegibilidade], ele não conseguiu se eleger, mas marcou muito para o país e para Santa Catarina. Essa força do PL e de Bolsonaro está bem presente no Estado — afirma.
Os objetivos da visita
O cientista político Eduardo Guerini afirma que a visita de Bolsonaro a SC busca criar sustentação ao bolsonarismo, em um momento que, segundo ele, seria desfavorável a essa corrente, por conta de obstáculos como a inelegibilidade do ex-presidente e resultados econômicos do novo governo.
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Conforme o professor, o ex-presidente busca nessa aproximação com lideranças de SC dar força ao projeto político dele e do seu “clã”. Por outro lado, o governador Jorginho Mello e o PL teriam a pretensão de aproveitar a imagem e a popularidade do ex-presidente no Estado em busca de bons resultados nas eleições municipais de 2024.
O governador já teria dito a aliados que tem a meta de eleger 100 prefeitos no próximo ano em SC. O movimento pode incluir até mesmo estratégias como a candidatura do filho “04” de Bolsonaro, Jair Renan, a vereador em Balneário Camboriú ou Itajaí.
— A visita nada mais é que uma agenda do PL nacional em que ao mesmo tempo se pretende manter viva a chama do bolsonarismo em SC e nas regiões onde [ele] teve maior expressão no embate presidencial de 2022, mas também dar visibilidade a Michelle Bolsonaro, que é uma carta na manga numa possível candidatura à presidência da República, a partir da declaração de inelegibilidade de Bolsonaro — avalia.
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