O segundo turno das eleições ocorre neste domingo (27) com a definição de prefeitos e vices em 51 cidades do país. Em Santa Catarina, a disputa não será definida em dois turnos pela primeira vez desde o ano 2000, mas a votação promete apontar direções importantes sobre a futura gestão de capitais brasileiras e também sobre a política do país.
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Na eleição municipal de São Paulo, cidade com maior número de eleitores do país, a disputa tem nomes ligados às principais lideranças do Brasil, Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL). O atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) busca a reeleição com o apoio do ex-presidente e do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) tendo como adversário o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), apoiado por Lula.
O desfecho da corrida eleitoral em São Paulo deve ser visto como sinal de força política dos “padrinhos” dos candidatos à prefeitura paulistana. Uma eventual vitória do atual prefeito, que lidera as pesquisas, deve reforçar o cenário favorável para a direita e nomes como Tarcísio de Freitas. O governador já foi apontado como personagem importante no primeiro turno, por ter insistido no apoio a Nunes em meio ao crescimento do rival Pablo Marçal no campo da direita. O ato foi considerado fundamental para Nunes ter revertido o cenário e ir ao segundo turno. Caso Boulos consiga uma virada, pode reverter parte da imagem de encolhimento que a esquerda sofreu após o primeiro turno, pelo resultado expressivo de legendas como PL, Republicanos e PSD, que mais ganharam prefeituras no país em relação a 2020.
Petismo e bolsonarismo também devem medir forças diretamente nas eleições de Cuiabá e Fortaleza, onde candidatos do PT e do PL estão no segundo turno. Em outras capitais, a polarização entre o campo da direita e a esquerda também deve se fazer presente com candidatos de outras legendas, como Porto Alegre (o PT tem a candidata Maria do Rosário, que disputa contra o atual prefeito Sebastião Melo, do MDB).
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Direita e centro-direita
Outro embate que estará em jogo no segundo turno das eleições do país é entre a centro-direita ou a chamada direita “tradicional” e o bolsonarismo. Em cidades como Belo Horizonte (MG) e Curitiba (PR), candidatos do PSD, partido liderado por Gilberto Kassab e que elegeu o maior número de prefeitos no primeiro turno no Brasil, concorrem em alianças com outras legendas contra nomes mais ligados ao bolsonarismo “raiz”, com discurso alinhado às falas de Bolsonaro.
Na capital mineira, o atual prefeito Fuad Noman (PSD), que assumiu o cargo após a renúncia de Alexandre Kalil para concorrer ao governo local em 2022, concorre contra o deputado estadual Bruno Engler (PL). Na cidade sede do governo paranaense, o atual vice-prefeito na gestão de Rafael Greca (PSD), Eduardo Pimentel (PSD), tenta chegar ao principal posto da prefeitura enfrentando a “azarona” Cristina Graeml, do pequeno Partido da Mulher Brasileira (PMB), que disparou nos últimos dias antes do primeiro turno e chegou à segunda etapa da disputa.
O professor da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) e pesquisador de Cultura Política, Daniel Pinheiro, afirma que o que está em jogo no segundo turno deve ser o protagonismo do PL, que vem crescendo ano a ano e já demonstrou força no primeiro turno, e que pode levar o partido a um cenário interessante para 2026.
— A gente viu acontecer isso em Santa Catarina e não está diferente em algumas cidades com segundo turno — detalha.
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Além da força do PL, o espaço da centro-direita no novo momento da política brasileira, em especial de candidatos do PSD, deve ser outra resposta a ser dada pelos resultados do segundo turno no país.
— Do ponto de vista político, o principal é ver com que força o PL vai sair depois das eleições municipais, e essa briga que ocorre exatamente com a centro-direita, com esses partidos. Porque pelo que estamos vendo, esse é o desenho do cenário para a eleição presidencial em breve — avalia Pinheiro.
O doutor em Ciência Política João Kamradt, professor da faculdade Ielusc, de Joinville, também acredita que o que será visto no segundo turno será um prenúncio da corrida presidencial para 2026. Os sinais disso seriam casos como o de São Paulo, em que o candidato apoiado por Lula (Guilherme Boulos) encontrou dificuldade para transpor o voto do presidente para ele
— O país teve uma guinada à direita nos últimos anos e a esquerda tem dificuldade de encontrar narrativas, está tendo que descobrir formas de se reconectar com a classe popular — avalia.
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Para o professor, as eleições deste ano consolidaram a posição do eleitorado conservador no campo da direita e indicaram também que se Bolsonaro não for um nome ativo, o eleitor não é necessariamente fiel, podendo tomar outros caminhos no espectro do centro e da direita.
— O que devemos ver não é nem um fortalecimento, mas um condensamento do que já se vê, que é o público mais voltado a essa centro-direita, ligada ao empreendedorismo, ao conservadorismo, e algumas disputas entre a própria direita — projeta.
No total, 33,9 milhões de eleitores estão aptos para voltar às urnas neste domingo nas 51 cidades em que haverá segundo turno. O PL de Bolsonaro é o partido com mais candidatos a prefeito no segundo turno, com 22 nomes. Na sequência, aparecem PT (13), PSD e MDB (cada um com 10). A votação ocorre das 8h às 17h deste domingo, pelo horário de Brasília.
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