A morte de um menino de 11 anos após ser mordido por um rato e contrair hantavirose em Santa Catarina causou espanto no Estado. O óbito é o quarto registrado em 2022, segundo o que divulgou a Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive/SC), que comunicou ainda outros dois casos confirmados da doença e mais 21 em investigação.
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A criança de Urubici, na Serra Catarinense, morreu no dia 7 de setembro, 48 horas após ser internada em um hospital de Lages. Os outros óbitos no Estado foram registrados em Agronômica e Lontras, no Alto Vale do Itajaí, e em Caçador, no Meio-Oeste.
No ano passado, Santa Catarina também registrou mortes por hantavírus. Segundo a Dive, três pessoas morreram vítimas da doença e pelo menos 12 casos foram confirmados.
A infecção por hantavírus, segundo o infectologista e professor do curso de Medicina da Univille, Tarcísio Crocomo, acontece, em sua maioria, através da secreção de rato, urina ou fezes, seja pelo contato direto, ou com poeira infectada com vírus, por exemplo.
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— É um alerta, mas a transmissão entre humanos é rara. Epidemiologicamente não nos procupa — explica o especialista.
A doença costuma se manifestar em regiões de grandes produções, onde fabrícas e indústrias estão localizadas. A gravidade da infecção pode se manifestar de duas formas: hemorrágica e cardiopulmonar.
Para o infectologista Marcelo Otsuka, da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), a situação se torna preocupante a partir do aumento de casos devido às condições sanitárias do local, já que a grande população de roedores é um controle que deve passar por higiene sanitária.
— A gente tem muitos roedores, o número deles é muito maior que a população mundial, por exemplo. Se não tivermos um controle adequado desses animais, e do convívio deles com a população, a doença aumenta. É preciso que isso passe por higiene sanitária — explica.
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Entenda o hantavírus
De acordo com Otsuka, da SBI, o vírus é transmitido por ratos, silvestres ou domésticos, que estejam contaminados com a doença. A transmissão para humanos se dá através da urina ou fezes do animal em que o paciente inala o vírus.
— Em algumas situações, a pessoa que teve contato com o vírus não desenvolve sintomas. Por outro lado, algumas pessoas são suscetíveis a casos mais graves — explica.
Segundo o especialista ainda não existe um perfil de risco da doença. Entre os sintomas está a dor no corpo, febre, cansaço e dificuldade respiratória.
O hantavírus, de acordo com o Otsuka, é uma doença mais endêmica na Ásia e Europa, mas há casos também nas Américas. A letalidade do vírus pode chegar a 50%, e por esse motivo é necessário que a Vigilância Sanitária esteja sempre atuando no controle de roedores e na disseminação do vírus entre os animais. A doença não é transmitida entre humanos, segundo o que explica.
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Quais as preocupações?
O aumento de casos de hantavírus é um indicativo de que as condições sanitárias do local precisam de cuidados, e essa é a preocupação que deve existir, conforme explica o infectologista.
Como tratar e prevenir
Não existe tratamento específico para a doença, segundo o especialista Marcelo Otsuka, mas a evolução dela no corpo do paciente deve ser acompanhada. O pico da doença acontece uma semana após o contato.
A prevenção das hantavirose baseia-se em medidas que impeçam o contato da pessoa com os roedores. Entre essas medidas estão os cuidados sanitários com o ambiente, entulhos e alimentos.
*Sob supervisão de Raquel Vieira.
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