O monóxido de carbono (CO) é um dos gases emitidos pelos escapamentos de carros a gasolina, diesel ou etanol (álcool). Invisível, a substância é uma ameaça potencialmente fatal, dependendo da quantidade inalada. Além de carros, é o gás produzido durante incêndios, aquecedores a gás ou querosene, ou outras fontes de combustão.
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Segundo o médico e gerente técnico do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Santa Catarina, Alfredo Schmid-Hebbel Busch, como ele não tem cheiro, é difícil detectar quando há uma emissão do gás e uma possível intoxicação por monóxido de carbono.
— A inalação de monóxido de carbono é extremamente perigosa. Primeiramente porque o gás não tem cheiro, o que dificulta que a pessoa perceba que está inalando. Segundo, porque o monóxido de carbono se liga à hemoglobina, proteína responsável pelo transporte de oxigênio no sangue. Assim ocorre a interrupção do transporte do oxigênio para os tecidos do corpo, mesmo quando a pessoa respira uma quantidade suficiente — alerta.
A falta de oxigênio nos tecidos é extremamente perigosa, já que é indispensável para a vida.
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O que a intoxicação causa no corpo
Busch afirma que mesmo em inalações mínimas, o corpo já dá sinais leves. Quando a intoxicação persiste e a quantidade inalada fica maior, ela pode ser letal. O médico ressalta a importância de compreender os sintomas iniciais e agir rápido.
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— Os sintomas de uma intoxicação leve incluem dores de cabeça, enjoos, sonolência e confusão, que muitas vezes as vítimas concluem que são sintomas de outras doenças, como enxaqueca, intoxicação alimentar ou por bebidas alcoólicas. Isso faz com que as vítimas geralmente não saiam do local onde estão expostas. Às vezes a vítima fica sonolenta, mas não atribui isso a uma possível intoxicação, e acaba dormindo no local, continuando a inalar o monóxido de carbono, e pode morrer dormindo — alerta.
Entenda os sintomas da intoxicação por monóxido de carbono (CO)
- Leves: dores de cabeça, enjoos, tontura, vômitos, dificuldade de concentração, sonolência e falta de coordenação;
- Moderados: falta de discernimento, confusão, inconsciência, convulsões, dores no peito, falta de ar, pressão arterial baixa e coma;
- Graves: Geralmente fatais. As poucas vítimas que se recuperam de um quadro grave podem apresentar sintomas por várias semanas.
Como evitar a inalação
Manter os ambientes ventilados é a primeira orientação para evitar a intoxicação por CO, especialmente em ambientes onde há emissão do gás, como em carros ligados, ambientes com churrasqueiras, aquecedores, fogões ou fontes de combustão. Outros cuidados incluem:
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- Nunca ligar um carro em uma garagem fechada;
- Nunca ficar dentro do carro parado com ele ligado;
- Manter as janelas do carro e de locais fechados sempre abertas, pelo menos parcialmente, para a entrada do oxigênio e a saída do monóxido de carbono do ambiente;
- Instalação de detectores de monóxido nestes locais;
- Ventilação adequada de caldeiras ou outras fontes de combustão interior.
O que fazer
A primeira orientação, ao sentir sintomas da intoxicação, é acionar o Samu. Antes da chegada do socorro, é essencial sair do ambiente contaminado, para que as pessoas afetadas respirem mais oxigênio e eliminem o CO do corpo.
A recomendação do Samu é levar as vítimas para uma área aberta, com ar fresco. Caso isso não seja possível, é importante abrir janelas e portas, e desligar fontes produtoras de monóxido de carbono, seja veículos, aquecedores, churrasqueiras, fornos, fogões e caldeiras, para interromper a exposição.
Acionar o Samu é essencial e deve ser feito imediatamente, em especial em casos moderados e graves, já que pode ser necessária a administração de oxigênio em doses elevadas e procedimentos especializados, como intubação ou ressuscitação.
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Suspeita é que jovens mortos em BMW tenham tido intoxicação por CO
A Polícia Civil suspeita que os quatro jovens, encontrados mortos dentro de uma BMW em Balneário Camboriú na segunda-feira (1º), tenham morrido por intoxicação por monóxido de carbono. No entanto, ainda não há um laudo que defina a causa da morte.
A perícia no BMW 320iA onde estavam as vítimas, de 16 a 24 anos, indicou que havia uma perfuração na ligação entre o painel e o escapamento — o que, em tese, pode ter direcionado monóxido de carbono para o ar condicionado. Ainda não se sabe se isso foi provocado ou é um defeito do veículo.
Segundo o delegado Bruno Effori, responsável pelo inquérito, o BMW havia passado por uma customização no sistema de escapamento, na parte externa, para aumentar o ronco do motor.
Os quatro jovens eram amigos e parentes. A família havia se mudado há um mês para Santa Catarina, para instalar uma empresa na Grande Florianópolis.
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