O presidente Lula (PT) deve iniciar nesta semana uma reforma ministerial que irá integrar novos nomes do Centrão ao governo em negociação para ampliar sua base de apoio no Congresso Nacional. Em contrapartida, o movimento vai causar a saída de figuras sem padrinhos políticos do alto escalão. É o possível caso de Ana Moser, a única catarinense a chefiar hoje um ministério na atual gestão, o do Esporte.

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Lula negocia a entrada no governo dos partidos PP e Republicanos, que estão entre as maiores bancadas e foram protagonistas da base parlamentar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no mandato anterior.

O primeiro deles é o mesmo partido do atual presidente da Câmara, o deputado Arthur Lira (PP-AL), principal articulador do Centrão e representado por 49 deputados e seis senadores.

Já o segundo é presidido pelo 1º vice-presidente da Casa, Marcos Pereira (Republicanos-SP), cotado para concorrer à presidência da Câmara no início de 2025, quando Lira vai deixar o cargo sem direito a buscar outra reeleição. A sigla tem 41 deputados e quatro senadores.

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Cada partido deve abocanhar ao menos um ministério: o deputado André Fufuca (PP-MA), líder do PP na Câmara e aliado de Lira, deve ser o indicado de sua sigla ao alto escalão de Lula, enquanto o também parlamentar Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) será o escolhido entre seus correligionários.

Resta a definição sobre quais ministérios esses nomes devem ocupar. Reportagem do jornal O Globo desta segunda-feira (31) mostrou que o PP intensificou conversas para assumir o Ministério do Desenvolvimento Social, hoje chefiado por Wellington Dias (PT) e com importante capital político por operar o Bolsa Família, enquanto o Republicanos retomou carga para ficar à frente do Esporte.

O interesse do Republicanos na pasta de Ana Moser já havia sido ventilado no início de julho, quando, após repercussão negativa sobre eventual substituição, Lula sinalizou para a catarinense que a manteria no posto, também conforme reportagem d’O Globo. No último dia 21, a ministra natural de Blumenau minimizou, em entrevista ao UOL, a pressão do Centrão para ocupar o seu cargo.

— Essa é uma questão externa ao ministério, não está no dia a dia do ministério. Essa pressão se traduz em notinha de imprensa, em teoria, em fofoca. Há algumas questões concretas, mas é uma relação que o ministério tem vivido, desde o começo do ano, lidando com o Congresso — disse na ocasião, citando pedidos de parlamentares por investimentos da pasta em cidades em que têm bases eleitorais.

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Reportagem recente da CNN Brasil mostrou que, em caso de saída da chefia do ministério, Moser ainda não desembarcaria do governo: a gestão Lula cogita criar uma agência pública vinculada ao Esporte para organizar a participação do Brasil nas Olimpíadas de 2024, em Paris, o que abrigaria a então ex-ministra.

Antes de chegar aos ministérios, a iminente reforma de Lula deve começar, no entanto, por cargos de segundo escalão do governo. A presidência da Caixa Econômica Federal deve protagonizar o pontapé inicial com a troca de Rita Serrano pela ex-deputada Margarete Coelho (PP-PI), advogada de Lira.

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