A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) criou uma cátedra para atuar no combate ao racismo e promover a igualdade racial. O nome que pode parecer incomum significa uma equipe liderada por universidades ou instituições de pesquisas para atuar no desenvolvimento de áreas específicas com apoio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
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No início deste mês, a Unesco aprovou a criação da equipe proposta pela UFSC para combater o racismo. A Cátedra Antonieta de Barros foi batizada em homenagem à educadora catarinense e primeira deputada negra do Brasil.
Além da UFSC, que terá professores e pesquisadores de nove programas de pós-graduação em atuação neste grupo, a equipe contará com a participação de professores e pesquisadores de outras 11 universidades e instituições da sociedade civil do Brasil e de outros países (veja lista abaixo).
Os objetivos da cátedra da UFSC contra o racismo
A criação de uma cátedra da UFSC para combate ao racismo foi definida em uma resolução do Conselho Universitário em dezembro de 2022. O grupo será liderado pela vice-reitora da instituição, Joana Célia dos Passos.
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Um dos objetivos da cátedra, citados no projeto apresentado à Unesco, é descrito como “analisar o impacto do racismo na universidade e contribuir na formulação e implementação de políticas curriculares multidisciplinares para inclusão da história e cultura afro-brasileira, africana e indígena na formação de profissionais das diferentes áreas”.
De acordo com a vice-reitora, o grupo da UFSC pretende atuar em cooperação com as outras instituições participantes para reforçar discussões sobre a temática racial.
A proposta de criação de uma cátedra da UFSC para a luta antirracista era discutida desde 2017, quando a universidade recebeu o 3º Congresso de Pesquisadores Negros do Sul do Brasil. Uma comissão foi formada à época, mas os trabalhos não tiveram sequência. A ideia foi retomada no fim de 2022.
O projeto foi enviado à Unesco em abril de 2023. No documento, os pesquisadores registram os casos de injúria racial ocorridos em Santa Catarina entre 2018 e 2021 e citam a existência de células neonazistas ativas no Estado, elementos que reforçariam a necessidade de mecanismos de enfrentamento ao racismo. A intenção é que a cátedra ajude a produzir conhecimentos, fomentar políticas públicas antirracistas e tem como metas buscar paridade de gênero e reunir estudiosos da temática indígena.
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O programa de cátedras da Unesco existe desde 1992 e tem atualmente 950 equipes formadas no mundo, sendo 33 propostas por instituições brasileiras. Além da cátedra recém-aprovada, a UFSC integra a Cátedra Unesco em Políticas Linguísticas para o Multilinguismo (UCLPM).
Universidades e entidades participantes
- Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
- Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
- Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB)
- Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB)
- Universidade Federal do Paraná (UFPR)
- Universidade Federal do Pampa (Unipampa)
- Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila).
- Universidade de Rovuma (Moçambique)
- Universidade Eduardo Mondlane (Moçambique)
- Universidade Nacional Autônoma do México
- Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais
- Universidad Nacional de Tres de Febrero (Argentina).
- Associação Brasileira de Pesquisadores Negros e Negras (ABPN)
- Associação Brasileira de Psicologia Social (Abrapso)
- Associação Nacional de Programas de Pós-Graduação em Educação (Anped)
- Núcleo de Estudos Negros de SC
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