Leia trechos comentados da Encíclica publicada ontem com a assinatura de Francisco, mas com as digitais de Bento:
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Casamento
– Reforça a posição da Igreja Católica de que casamento é a união apenas de um homem e uma mulher, segundo o professor Luiz Carlos Susin, do departamento de Teologia da Pontifícia Universidade Católica (PUCRS). Não faz alusão às novas formas de família, como as iniciadas por uniões entre pessoas do mesmo sexo.
”O primeiro âmbito da cidade dos homens iluminado pela fé é a família; penso, antes de mais nada, na união estável do homem e da mulher no matrimônio. Tal união nasce do seu amor, sinal e presença do amor de Deus, nasce do reconhecimento e aceitação do bem que é a diferença sexual, em virtude da qual os cônjuges se podem unir numa só carne e são capazes de gerar uma nova vida, manifestação da bondade do Criador, da sua sabedoria e do seu desígnio de amor.”
Fé, Ciência e tecnologia
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– Francisco cita o filósofo alemão Friedrich Nietzsche, uma das referências no pensamento de Bento XVI, para quem a crença se opõe à pesquisa. Do texto, depreende-se que, nas últimas décadas, houve a aceitação de que a “luz da razão”, sozinha, não consegue iluminar o futuro. Para os vaticanistas do jornal italiano La Stampa, “o homem deu-se à procura de uma grande luz, uma grande verdade, para se contentar com pequenas luzes que iluminam o breve momento. Para isso, no mundo de hoje, é urgente recuperar o caráter de sua luz da fé”.
”O homem precisa de conhecimento, precisa de verdade, porque sem ela não se mantém de pé, não caminha. Sem verdade, a fé não salva, não torna seguros os nossos passos. (…) Na cultura contemporânea, tende-se frequentemente a aceitar como verdade apenas a da tecnologia. (…)”
”Lembrar esta ligação da fé com a verdade hoje é mais necessário do que nunca, precisamente por causa da crise de verdade que vivemos. (…) Parece que a questão do amor não teria nada a ver com a verdade; (…) o amor não se pode reduzir a um sentimento que vai e vem. (…) Se o amor tem necessidade da verdade, também a verdade precisa do amor; amor e verdade não se podem separar. Sem o amor, a verdade torna-se fria, impessoal, gravosa para a vida concreta da pessoa.”
Importância da fé
– Para os vaticanistas italianos, a encíclica, escrita em quatro capítulos, traça uma história da fé cristã a partir da chamada de Abraão ao povo de Israel até a ressurreição de Jesus e a propagação da Igreja Católica.
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”A Igreja nunca dá por descontada a fé, pois sabe que esse dom de Deus deve ser nutrido e revigorado sem cessar para continuar a orientar o caminho dela. O Concílio Vaticano fez brilhar a fé no âmbito da experiência humana, percorrendo assim os caminhos do homem contemporâneo. Dessa forma, se viu como a fé enriquece a existência humana em todas as suas dimensões.”
”A fé, enquanto ligada à conversão, é o contrário da idolatria: é separação dos ídolos para voltar ao Deus vivo, através de um encontro pessoal.”
”A nossa cultura perdeu a noção desta presença concreta de Deus, da sua ação no mundo; pensamos que Deus Se encontra só no além, noutro nível de realidade, separado das nossas relações concretas.”
”A fé ilumina também as relações entre os homens, porque nasce do amor e segue a dinâmica do amor de Deus. (…) Devido precisamente à sua ligação com o amor, a luz da fé coloca-se ao serviço concreto da justiça, do direito e da paz.”
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